Place des Victoires em Paris

Place des Victoires em Paris

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Place des Victoires em Paris (Praça das Vitórias): A história da 3° Praça Real localizada no 1° e 2° arrondissement (distrito) teve início em 1685, alguns anos depois da Praça Dauphine (1614), em homenagem a Luís XIV (1638-1715) por suas vitórias militares.

Em 1678, após seis anos de guerra foi assinada a Paz de Nimega assinada entre a França e os países derrotados; Espanha, Holanda, Sacro Império Romano-Germânico e Brandemburgo (parte da Alemanha atual). Um nobre cortesão francês, marechal da França, duque de Feuillade, François III d’Aubussone (1631-1691) teve a brilhante e dispendiosa ideia de homenagear o vitorioso e rei Luís XIV (1643-1715).

Encomendou em 1679, ao escultor francês de origem holandesa, Martin Desjardins (1637-1694) uma estátua em mármore do rei em pé, para ser colocada no centro de uma praça ainda sem nome, no novo distrito que estava se desenvolvendo em Paris, próximo ao Palácio Real do Louvre.

Place des Victoires em Paris
Esboço da Estátua de Luís XIV (destruída),
por Martin Desjardins.

O marechal após demolir uma mansão que tinha acabado de comprar – Hôtel de La Ferté-Senneterre e ter comprado vários terrenos em volta, conseguiu junto ao rei autorização para a construção de uma praça circular rodeada por um conjunto de 39 edifícios, todos com fachada do mesmo estilo (clássico), arcadas no térreo, com dois pavimentos, ornadas de pilastras jônicas, e lucarnas (claraboias) no telhado com telhas de ardósia.

Place des Victoires em Paris
Estampa da “Place des Victoires” em Paris. Biblioteca Nacional da França.

O monumento de Martin Desjardins foi inaugurado em 26 de março de 1686 na presença de Luís, Grande Delfim de França (1661-1711), filho legítimo de Luís XIV, (mas que nunca reinou).

Place des Victoires em Paris
Fachada típica dos edifícios da Praça das Vitorias. Paris.

Enquanto que as edificações do entorno da praça foi projeto encomendado a Jules Hardouim Mansart (1946-1908) o principal arquiteto do rei Luís XIV (1643-1715), que foi também o 2­° arquiteto do Castelo de Versalhes. As obras só foram terminadas em 1690.

Place des Victoires em Paris
Praça das Vitórias, Paris. Mapa Turgot 1737.

Estátua de Martin Desjardins:

Martin Desjardins (1637-1694), também chamado de Van den Bogaert Martin, realizou a obra entre 1679 e 1682. O rei Luís XIV foi representado vestido com o manto da coroação, esmagando um Cérbero (monstro de quatro cabeças da mitologia grega, representando as quatro nações derrotadas), coroado por pela alegoria da vitória.

Gravura da estátua de Luís XIV em pé, de Martin Desjardins . Biblioteca Nacional da França.

O pedestal foi decorado por esculturas em baixos-relevos com o tema: “Quatro cativos” (“Quatre captifs”) ou “Quatro Nações vencidas: Espanha, Sacro-Império, o Brandemburgo e a Holanda”, onde cada um representa a idade de um homem e um sentimento distinto sobre o cativeiro: A Espanha, a esperança; o Sacro Império Romano-Germânico, a resignação; Brandeburgo, o desânimo e a Holanda, a revolta.

“Les quatre captifs” (1679-1682), de Martin Desjardins (1637-1694). Louvre. Foto: R. Gabriel Ojéda.

Apresentava junto a eles, medalhões em bronze (troféus da antiguidade) e placas em baixos-relevos com inscrições glorificando o rei por suas conquistas militares após a assinatura do Tratado de Nimega.

Destruição da Estátua:

A estátua de bronze dourada do rei acabou sendo destruída e derretida durante a Revolução Francesa (1792), enquanto que os baixos-relevos de bronze que adornavam o pedestal, assim como as estátuas dos Quatro cativos escaparam milagrosamente da loucura destrutiva dos revolucionários, pois foram consideradas vítimas do poder absoluto, e assim as correntes que os prendiam, foram quebradas.

“Estátua em pé de Luís XIV “, de Martin Desjardins destruída na Praça das Vitórias, agosto de 1792.

No local vazio onde estava a estátua de Luís XIV em pé, os revolucionários colocaram um pirâmide de madeira com os nomes dos cidadãos mortos durante os conflitos do dia 10 de agosto de 1792. Segundo a lenda Napoleão Bonaparte I (1804-1815) mandou retirar para fazer lenha para aquecer seus soldados que passavam frio.

Depois ainda surgiram outros projetos para glorificar heróis militares mortos nas guerras napoleônicas, como: O general Jean-Baptiste Kléber (1753-1800) e Louis Charles Antoine Desaix (1768-1800).

Entre os dois, por razões estéticas e políticas Napoleão escolheu o general Desaix para ser homenageado.

A estátua colossal do escultor Claude Dejoux (1732-1816) que levou quase oito anos para ser executada foi inaugurada por Napoleão Bonaparte em 1810, representado Desaix nu idealizado e heroico como nas esculturas das antiguidades romanas. Mas por acharem indecente pela população conservadora foi retirada em 1814.

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Estátua do general Desaix (1810), de Claude Dejoux (1732-1816). Praça des Victoires, Paris (1810). Derretida em 1814

O bronze derretido serviu para erguer a 2° Estátua equestre de Henrique IV (1589-1610), na Ponte Neuf.

A estátua equestre de Luís XIV

A estátua equestre de Luís XIV foi inaugurada na Praça das Vitórias, em 25 de agosto de 1822. Obra do escultor monegasco, François Joseph Bosio (1768-1845).

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Estátua Luís XIV na Praça des Victoires, de Bosio. Foto: Remi Jouan.

Uma representação do rei Luís XIV (1643-1715) vestido como um imperador romano, montado num cavalo empinado, olhar sério e rigoroso, segura com a mão direita o Tratado de Paz Nimega.

O pedestal que sustenta a estátua é obra do arquiteto Jean-Antoine Alavoine (1778-1834) e está adornado por dois baixos-relevos em bronze de François Joseph Bosio que relata feitos de Luís XIV: “A Passagem do Reno” e “Instituição da Ordem Real e Militar de Saint Louis, em 1693“.

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Estátua equestre de Luís XIV, de F. J. Bosio, na Praça des Victoires, em Paris. Foto: Autor desconhecido.

Alguns edifícios da época sofreram transformações por conta dos alargamentos das ruas que chegam na Praça. A Estátua de Luís XIV foi restaurada em 2005.

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Foto da capa: Albert

Fontes:

  • ” Place des Victoires. Histoire, architecture, société”, Alexandre Gady e Isabelle Dubois (Ed. Maison des sciences de l’homme, 2004)
  • “Place des Victoires”. Wikipédia França.
  • La Place des Victoires”, de Fernand de Saint-Simon (Ed. Vendôme, 1984).
  • “Quatre captifs”. Museu do Louvre.

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