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Ilha de la Cité em Paris. Sua origem e história teve início como uma tribo de agricultores celtas chamados: Os Parísios (“Les Parisiis”).
Ilha de la Cité na época romana.
Dominados pelas tropas de Júlio César em 52 a.C., os Parísios viveram pacificamente na Ilha sozinhos até as primeiras invasões bárbaras dos “Alamans”, em 257 d. C.
Depois tiveram que morar juntos com militares e cidadãos romanos que mudaram-se da cidade galo-romana Lutécia, construída na margem esquerda, no atual Quartier Latin, para Ilha de la Cité, em busca de proteção contra os novos ataques inimigos.
O imperador Flavius Claudius Julianus ou César Juliano o Apóstata (ca. 332 -363) foi o último militar romano a morar na ilha. Chegou a fixar residência em 357 numa residência militar construído especialmente para ele (atual Palácio da Justiça). Mas com um exército diminuído (300 homens) e poucos recursos para um combate, ele e seus homens foram para Constantinopla (antiga capital do Império Romano do oriente) abandonando a ilha e o resto da cidade nas nas mãos dos pobres Parísios, das poucas famílias romanas e para quem quisesse invadir.
Durante esse período de ocupação romana a cidade foi chamada de Lutécia, palavra derivada do latim, Lutum, que quer dizer lama ou melhor, lugar úmido e pântanos. Esse nome pejorativo de cidade lamacenta ou cidade lamaçal foi devido as grandes cheias do rio Sena que invadiam grandes áreas de terra do continente e na ilha.
Lutécia chegou a ter entre 5 mil a 10 mil habitantes, uma vila modesta comparada a outras grandes cidades romanas como Lugduno, atual cidade de Lyon. Construída segundo os planos urbanísticos tradicionais da época era composto por fóruns, palácios, termas, templos, teatros, arena, anfiteatro e vias principais (linha de norte ao sul) chamada: Cardo (“Cardus Maximum“) e vias secundárias (de leste a oeste) chamada: Decúmano (“Decumanus“).
A via principal romana Cardo (linha Norte-Sul) era onde se encontrava o comércio, feiras livres, mercados e centros administrativos (ex: Fórum romano). Decúmano ou via secundária, era onde se encontravam os acampamentos militares e as habitações populares.
Atravessava a atual rue Saint-Jacques (margem esquerda) passando por uma ponte simples de madeira (lado estreito do rio Sena) e entrava na Ilha de la Cité pela rue de la Cité passando por uma segunda ponte no lado mais largo do rio Sena e continuava pela atual rue Saint-Martin.
Essa palavra Cardo deu origem aos atuais Pontos Cardeais.
Ilha de la Cité: Sede do poder real e religioso.
Por volta de 360, os 1.500 mil habitantes que restaram na ilha composta de Parísios nativos e Parísios mesclados com romanos, mudaram o nome da cidade para Paris em homenagem aos seus antepassados gauleses celtas.
Em 451, a Santa Genoveva (Geneviève), futura padroeira da cidade, conseguiu convencer esses poucos habitantes que se encontravam na ilha a não fugir diante dos bárbaros guerreiros nômades, os Hunos, comandos pelo temível rei Átila (434-453).
Orando junto com eles, por um milagre ou por uma grande jogada da santa que soltou um “fake news” nas redes sociais da época, dizendo que os habitantes da cidade estavam todos morrendo de peste, Átila sabendo disso preferiu contornar a ilha e partir guerrear mais para o sudoeste, exatamente na cidade de Orléans.
Clóvis (466-511) rei dos francos, após se converter na fé cristã em 498 em Reims, ganhou batalhas contra os romanos fez alianças com tribos bárbaras do norte da Europa, (Godos, Ostrogodos e os Armoricanos) recebeu a benção da santa Genoveva e entrou triunfante em Paris em 508, como herói, salvador e protetor da cidade.
Paris nessa época tornou-se a capital do seu reinado e a antiga residência do imperador César Juliano, na Ilha de la Cité, ficou sendo seu Palácio real.
Suas razões por essa escolha eram sem dúvidas, estratégicas e também de importância simbólica: o reino franco não possuía administração e nada que caracterizasse um estado moderno, e os reis francos que sucederam Clóvis não deram importância para a cidade.
Clóvis conseguiu ainda que seu exército se convertesse em cristãos promovendo ainda mais a divulgação da doutrina católica por todas as cidades da Gália (futura França) vencidas por ele. Essa nova onda de católicos em Paris fez que surgisse muitas igrejas na ilha fortificando assim o poder do rei e da Igreja sobre os todos os homens da nova fé.
O antigo templo galo-romano dedicado a Júpiter foi substituído entre 511 e 558 por uma grande basílica cristã dedicada a Saint Etienne (Santo Estevão, primeiro mártir do cristianismo), próximo do local futura Catedral de Notre-Dame de Paris, e outras mais foram construídas por toda a ilha como as Igrejas: “Saint-Jean-le-Rond”, “Saint-Germain-le-Vieux”, os mosteiros femininos, “Saint-Christophe” e “Saint-Martial”, entre outras.
Ilha de la Cité atacada pelos Vikings.
O rei dos Francos, Carlos Magno (768-814) também por motivos políticos e estratégicos mudou a capital de Paris para a cidade de Aix-la-Chapelle (atual Aachen, na Alemanha).
Período conturbado de guerras, acordos e conquistas, a cidade de Paris acabou ficando concentrada na Ilha de la Cité e defendida por ordens de Carlos II, o Calvo (843-877), pelas antigas muralhas galo-romana e duas grande torres chamadas: “Petit Châtelet e Grand Châtelet” que protegiam o acesso as duas pontes que ligavam a ilha ao continente. Mas assim mesmo não foi possível evitar as invasões vikings em: 845, 856, 857, 866 e 876.
A volta dos vikings ocorreu em 886, com 40 mil homens em 700 embarcações (“langskip”) acampados em Saint-Germain-des-Prés, margem esquerda da Ilha de la Cité, tinham a intenção de atravessar Paris subindo contra correnteza pelo rio Sena e invadir as cidades da Borgonha.
O bispo de Paris, Gozlyn ao recusar essa passagem, os viking se instalaram e contra-atacaram fazendo um longo cerco por toda a Ilha. Durante a demora de uma resposta favorável passaram a destruir habitações e igrejas que se encontravam nas margens esquerda e à direita do rio Sena.
A destruição somente não foi maior porque o conde de Paris, Eudo I (852-898), um tipo de prefeito de Paris, na falta do rei, acabou negociando o pagamento de um alto tributo a eles, inclusive autorizando a passagem das embarcações por Paris, na paz.
Eudo I por essa vitória foi eleito rei da França Ocidental entre 888-898, substituindo o rei dos francos do oriente, Carlos III, o Gordo (885-887) acusado de ter demorado para proteger a cidade.
Ilha de la Cité na Idade Média.
A origem do nome Ilha de la Cité surgiu no ano 954, quando a cidade de Paris foi dividida pela primeira vez em distritos (arrondissement). A Ilha ficou no “Quartier de la Cité” (Quarteirão da Cidade).
A ilha por ser sido fortificada uma primeira vez na época galo-romano e depois reforçada durante as invasões vikings tornou-se hábito dizer que a cidade (Cité) se encontrava dentro da muralha da Ilha, pois tudo que se encontrava fora foi praticamente arrasada. Esse hábito deu origem ao nome: Ilha de la Cité.
O Palácio de la Cité onde morou o conde de Paris tornou-se uma residência real, apesar do rei Hugo Capeto (987-996) e alguns de seus descendentes, preferiram morar na cidade de Orléans.
Com o Luís VI (1108-1137) foi diferente, esse fixou residência no Palácio de la Cité trazendo sua corte, o parlamento e toda cúria sacerdotal de Paris. A cidade tornou-se um importante centro de ensino religioso e Paris voltou ser a capital do reino da França com sede na Ilha de la Cité. Além de ordenar que fossem realizadas obras importantes para a urbanização da ilha.
Seus sucessores deram continuidade nas reformas como por exemplo nas construções das pontes: “aux Changeurs” (atual Pont au Change), Pont Saint-Michel, Pont Notre-Dame (antiga Grand-Pont).
A vulnerabilidade da Ilha de la Cité foi amenizada com a construção da muralha de Filipe Augusto (1180-1223), rodeando as duas margens do rio Sena e a construção da Fortaleza do Louvre, futuro palácio Real, atual Museu do Louvre.
O rei sucessor Luís IX (1226-1270), futuro São Luís, deu continuidade na construção da Catedral de Notre Dame (1163-1345), nas reformas do Palácio de la Cité, no início da construção da Santa-Capela (1241-1248) e mais 12 igrejas reforçando ainda mais a autoridade episcopal e o poder político financeiro representado pela pessoa do rei.
Filipe IV, o Belo (1285-1314) aumentou ainda mais o Palácio de la Cité ordenando a construção da “Conciergerie” para ser a sede do governo de Paris.
Em 1364 o rei Carlos V (1364-1380) abandonou o Palácio para morar no Palácio do Louvre, antiga fortaleza medieval de Filipe II Augusto, transformada em residência real.
A ilha permaneceu intacta por alguns anos, até a chegado do rei Henrique III (1574-1589) que ordenou em 1578, a construção da Pont Neuf para ligar as duas margens, pelo extremo ocidental da ilha.
Após sua morte, seu sucessor Henrique IV (1589-1610) deu continuidade na construção da ponte e de outras reformas urbanas, como a construção de 32 edifícios populares em volta da Praça Dauphine edificada sobre três ilhas que haviam sido unificadas no final do século XV: Ilha dos Judeus, (L’île aux Juifs), Ilha dos Passadores de Vacas (Île des Passeurs de Vaches) e Ilha de “La Gourdaine” (nome de um moinho que existiu no local) ou Ilha do Patriarca (“Île du Patriarche”).
Nos séculos XVII e XVIII, a Ilha de la Cité sofreu várias transformações arquitetônicas impostas por novas regras construtivas, como alinhamento dos edifícios no solo, materiais e fachadas.
Durante a Revolução Francesa a Ilha de la Cité passou ser chamada de Ilha da Fraternidade (“Île-de-la-Fraternité”).
No século XIX, novas ruas foram criadas e pontes foram construídas em novos locais ou em locais que já existentes: Pont de l’Archevêché , Ponte Arcole, Ponte Notre-Dame, Petit-Pont-Cardinal-Lustiger, Ponte au Double.
Transformações Hausmannianas.
As maiores transformações na Ilha de la Cité aconteceram durante o Segundo Império pelo prefeito de Paris, o barão Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) que apagou quase todos os vestígios galos-romanos e medievais da ilha. Restando somente as Arenas de Lutécia, as Termas de Cluny (no atual Museu de Cluny) e a Cripta arqueológica no subsolo da Praça da Notre-Dame.
Centenas de casas e uma dezena de igrejas foram arrasadas, 25.000 pessoas expulsas e novas construções foram edificadas como a sede da Prefeitura de Polícia de Paris (1859), Tribunal de Comércio (1865), ruas foram alargadas como: Boulevard du Palais, rue de la Cité, rue de Lutèce e aberta a praça em frente a Catedral de Notre Dame (Parvis de Notre-Dame).
Houve a importante demolição do antigo Hôtel-Dieu (hospital) que se encontrava implantada na parte sul da praça de Notre-Dame, junto a margem esquerda, e a construção de um novo Hôtel-Dieu (1868 e 1875), modernizado, no lado norte da mesma praça.
A única parte antiga medieval poupada das reformas de Haussmann foram as ruas e edifícios que encontram-se próximos a Catedral de Notre-Dame.
Pontes da Ilha de la Cité.
Desde a época romana muitas pontes foram construídas, algumas destruídas por cheias do rio Sena, substituídas ou reformadas nas revoluções industriais tecnológicas e metalúrgicas dos séculos XIX e XX, dando mais segurança aos pedestres e aos veículos de transportes que o utilizam frequentemente.
Hoje existem no total nove (9) pontes que ligam o continente a Ilha de la Cité. São elas por ordem de antiguidade:
1 – Pont au Change.
Antigamente chamada de “Grand-Pont” foi a primeira a ser construída no século IX, por ordens do rei Carlos II, o Calvo (843-877). Em 1111 foi destruída e reconstruída na mesma margem direita, mas alguns metros mais a oeste, em oposição ao “Petit-Pont”.
Passou a ser chamada de “Pont-aux-Changeurs” (Ponte dos cambistas) a partir do reinado de Luís VII (1137-1180) e “Pont au Change” (Ponte ao Câmbio), nome atual, em razão dos joalheiros e cambistas da época que utilizavam a ponte para trocas de moedas, cobranças e empréstimos em nome dos bancos que representavam.
Várias vezes destruída e reconstruída por causa das inundações do rio Sena em: 1196, 1206, 1280, 1296, 1616, 1621, 1647, 1651, 1658 e 1668.
Reconstruída entre 1858 a 1860, durante as reformas urbanas de Paris, pelo Barão Haussmann (1809-1891), por ordens de Napoleão III (1852-1870).
2 – Petit-Pont-Cardinal-Lustiger.
O “Petit Pont” foi renomeada em 2013 “Petit-Pont-Cardinal-Lustiger”, em homenagem ao cardeal e arcebispo de Paris, Jean-Marie Lustiger (126-2007).
Construída com um só arco entre 1850 a 1853, durante as reformas urbanas de Paris, pelo Barão Haussmann (1809-1891), por ordens de Napoleão III (1852-1870). Ela faz a ligação entre a rue de la Cité, na Ilha de la Cité e rue Saint-Jacques (antigo eixo do Cardo romano), na margem esquerda.
Recebeu esse nome “Petit Pont”, em oposição ao antigo Grand-Pont que atravessava o lado mais extenso do rio Sena na margem direita. Foi destruída e reconstruídas em 1111, 1185, 1196. 1200, 1375.
Até 1378, data da construção da Ponte Saint-Michel era a única ponte da margem esquerda a ter acesso a Ilha de la Cité.
3 – Pont Saint-Michel.
Construída por três arcos em 1857, durante as reformas urbanas de Paris, pelo Barão Haussmann (1809-1891), por ordens de Napoleão III (1852-1870). Se encontra alinhada com a Pont au Change.
Ela faz a ligação da Praça Saint-Michel (margem esquerda) ao Boulevard du Palais na Ilha de la Cité. Tem 68 metros de comprimento, composta por três arcos de pedra em pleno centro. Em cada fachada entre os arcos encontra-se dois “N”, emblema imperial de Napoleão III.
O desenho da ponte serviu como modelo para construção do “Pont au Change” (visto acima, item 1).
4 – Pont Notre-Dame.
Construída em 1853 durante as reformas urbanas de Paris, pelo Barão Haussmann (1809-1891), por ordens de Napoleão III (1852-1870). Inicialmente tinha cinco arcos, mas em 1912 três deles foram substituídos por um único arco em estrutura metálica e dois restaram na sua construção inicial em pedra.
Se encontra alinhada no antigo Cardo romano, onde existia antigamente o “Grand-Pont”, ligando a margem direita, pela rue Saint-Martin com a rue de la Cité, na Ilha de la Cité.
O “Grand-Pont” (atual “Pont-au-Change”) foi destruída pelos vikings em 886 e reconstruído no final do século IX, mais para o oeste da Ilha e, no espaço deixado foi construída uma passarela em madeira chamada: “Pont de Planches de Mibray”, levada por uma inundação do rio Sena, em 1406. Reconstruída de forma mais sólida com um novo nome: “Pont Notre-Dame”, entre 1413 e 1421.
Em 1499, uma grande enchente do rio Sena, causou o desabamento da ponte e das casas que encontravam-se sobre ela causando muitas mortes. Reconstruída e destruídas outras vezes, somente as fundações da ponte construída em 1853 foram o que restaram para a construção da ponte atual.
5 – Pont Neuf.
“Pont Neuf” (Ponte Nova) ao contrário do que seu nome parece nos indicar é a mais antiga de Paris. Recebeu esse nome no século XVI por ter sido a primeira ponte a ser construída sem habitações sobre ela.
É a primeira ponte de pedra a cruzar toda a extensão do rio Sena, além de ser a única até então a ter uma calçada exclusiva para proteger os pedestres do trânsito das carruagem e cavalos e a primeira a ter pequenos balcões em meia-lua para comerciantes fazerem seus negócios.
Obra iniciada em 1578, por ordens do rei Henrique III (1574-1589), na ponta oeste da Ilha de la Cité (atual ponta “du Vert Galant”), mas por dificuldades financeiras, guerras de religiões e questões políticas, só foi finalizada em 1604 pelo seu sucessor, Henrique IV (1589-1610).
A “Pont Neuf” na verdade é composta de duas pontes independentes que passam pela ponta da Ilha de la Cité, uma grande de 160 metros, com 7 arcos, atravessando a extensão maior do rio Sena (margem direita), e uma outra menor de 78 metros, com 5 arcos atravessando a extensão menor do Sena (margem esquerda).
Seus arcos aproximadamente arqueados têm largura irregular. Arcos de pleno centro de diversas larguras. O aspecto atual da ponte é muito semelhante a primeira ponte finalizada em 1604. No entanto, ela passou por várias intervenções como: consolidação das fundações, restaurações dos arcos, reparações e reconstruções gerais.
6 – Pont au Double.
A primeira “Ponte Double” foi construída entre 1626 a 1632 e ligava o hospital (Hôtel Dieu) que se encontrava nas duas margens do rio, no lado esquerda. Cada pessoa que passava por ela tinha que pagar um pedágio de “double denier” (dois denários ou duas moedas de prata) que deu origem ao nome da ponte: Ponte au Double.
Outras se seguiram conforme a urbanização da ilha, uma desmoronou em 1709, a outra foi desmontada em 1847 e refeita para permitir a passagem de embarcações.
Ela faz a ligação do Parvis da Notre-Dame, na Ilha de la Cité com a via expressa da margem esquerda, o Quai Montebello.
7 – Pont Saint-Michel.
Liga a ponta oeste da Ilha de São Luís com a Ilha de la Cité dando acesso aos fundos da Catedral de Notre-Dame de Paris.
A primeira ponte foi construída entre 1630 e 1634, chamava-se “Pont Saint-Landry” ou “Pont de Bois”, destruída por uma enchente em 1710. Foi reconstruída por uma segunda ponte em 1717, próximo ao local da anterior, mas com um novo nome: “Pont Rouge”, mas também foi destruída por uma enchente do Sena, em 1795.
Uma terceira foi construída em 1804, chamada Ponte de la Cité, desabou em 1811. Em 1842, surgiu a quarta (4°) e primeira com o nome Saint-Louis (ou Luís IX, rei da França entre 1226 a 1270) ligando as duas ilhas. Era uma passarela de pedestre que resistiu por quase 20 anos.
Substituída em 1861, por uma quinta ponte servindo de passagem de carroças e carruagens. Era toda metálica. Permaneceu no local por muito tempo, até ser acidentada por um barco que bateu em um dos seus pilares levando ao desmoronamento e a morte de três pedestres, em 1939.
A sexta ponte foi uma passarela provisória construída em 1941, durante a ocupação nazistas (Segunda Guerra Mundial).
A sétima e atual “Ponte Saint-Louis” teve sua construção entre 1968 e 1970.
Projeto dos arquitetos Jabouille e Creuzot, realizados pelos engenheiros Long-Depaquit e Coste. Composta por uma única viga em aço de 67 metros de comprimento por 16 metros de largura é a mais moderna entre as seis pontes que chegam na ilha.
Desde 2014 é proibida a travessia de automóveis e motos. Aberta somente aos pedestres e bicicletas.
8 – Pont d’Arcole.
A “Pont d’Arcole” substituiu uma antiga ponte suspensa de ferro construída em 1828 para pedestres conhecida como: “Pont de la Grève”, (greve era nome original da atual praça do l’Hôtel de Ville).
Foi demolida e reconstruída após um decreto imperial de 31 de agosto de 1854, para aliviar o excesso de tráfego resultante da abertura da Rue de Rivoli.
Ela liga a Ilha de la Cité com a Câmara municipal de Paris ou Prefeitura de Paris (“Hôtel de Ville”), na margem direita.
9 – Pont de l’Archevêché:
A “Pont de l’Archevêché” (Ponte do Arcebispo) é mais estreita de Paris. Foi construída em 1828 por um conjunto de três arcos de alturas variadas 15 m, 17 m e 15 metros. Tem 68 metros de comprimento por 11 metros de largura.
Recebeu esse nome com relação ao nome do Palácio do Arcebispo que se encontrava localizado a sudeste da Notre-Dame, entre a Catedral e o Sena, destruído por uma revolta popular contra a igreja, em 1831.
Ela liga a via expressa Quai de Montebello, na margem esquerda com o Quai de l’Archevêché, na Ilha de la Cité, atrás da Catedral de Notre-Dame.
Lugares a serem visitados na Ilha de la Cité.
Praça Dauphine.
A Praça Dauphine é a segunda Praça Real de Paris. Foi inaugurada em 1614, depois da Praça des Vosges (1612). Construída por ordens do rei Henrique IV (1589-1610), em homenagem ao nascimento de seu filho primogênito e sucessor (delfim) e futuro rei da França, Luís XIII (1601-1644).
Projetada de forma triangular com somente dois acessos tinha como primeiro objetivo proteger os banqueiros e mercadores da região que poderiam fazer suas negociações seguras próximas ao Palácio da Justiça e, os 32 edifícios idênticos construídos para pessoas de baixa renda e comerciantes, enquanto que na Praça des Vosges havia sido reservado para uma elite aristocrática, rica e burguesa.
Palácio da Justiça.
Antiga fortaleza defensiva da Ilha de la Cité tornou-se tempos mais tarde residência real conhecida na história como Palácio de la Cité, sede do poder entre os séculos X e XIV. No seu conjunto encontra-se a Santa Capela e a Conciergerie.
O atual Palácio de Justiça abriga as principais instituições jurídicas de Paris. Possibilidade de visita da Sala dos Passos Perdidos (“Salle des Pas-Perdus”), “Cour de May”(pátio central), Vestíbulo de Harlay e outros locais.
Santa Capela (Sainte-Chapelle).
Construída em dois níveis, entre 1241 a 1248, dentro do antigo Palácio de la Cité, (atual Palácio da Justiça) por ordens do rei Luís IX / São Luís (1223-1270), para abrigar as 22 relíquias da paixão de Cristo, como: A Santa Coroa de Espinhos, um fragmento de madeira da Cruz, um dos pregos que fixou Jesus na Cruz, entre outros instrumentos do suplício de Jesus.
Depois do incêndio da Catedral de Notre-Dame em 15 de abril de 2019, as relíquias encontram-se protegidas nos cofres do Museu do Louvre até a reabertura em 08 de dezembro de 2024.
O nível térreo da Capela era destinado ao culto paroquial para nobreza e pessoas comuns do palácio real, enquanto que o primeiro andar era destinado ao rei, rainha e convidados reais para veneração das Santas Relíquias.
Um interior composto de 15 painéis gigantes (15 metros) de vidros coloridos (total de 615 m²). Sendo que 14 deles, o tema é bíblico: Antigo testamento (à esquerda) e Novo testamento (à direita). No painel central ao fundo, na parte baixa é contado a história de Santa Helena (250-330), e no mesmo painel na parte alta, a história do rei Luís IX (São Luís) e a aquisição das Santas Relíquias.
Conciergerie.
A Conciergerie juntamente com a Santa Capela são os vestígios principais que restaram do antigo conjunto do Palácio de la Cité (atual Palácio da Justiça), antiga sede do poder real na França, entre os séculos X e XIV.
Edifício austero gótico construído no final do século XIII durante o reinado de Filipe IV (1285-1314) com extensão do Palácio de la Cité, para administração de Paris.
Concierge era o título dado ao governador geral de Paris e Conciergerie o local onde ele residia.
Coma mudança do rei Carlos V (1364-1380) para a fortaleza do Louvre a Conciergerie passou ser ocupada como prisão e o Concierge um importante personagem nomeado pelo rei para assegurar a ordem, o policiamento e o dia a dia dos prisioneiros ali enviados em espera de julgamento.
Em 1314, Jacques de Molay (1243-1314), o Grande Mestre da Ordem dos Templários foi torturado na Torre do “Bon-Bec”, local onde sob tortura as pessoas confessavam seus crimes ou assumiam mesmo sendo inocentes.
De 1793 a 1795, no período do “Terror”, o Grande Júri do Tribunal Revolucionário instalou-se na Conciergerie para julgar e condenar por volta de 2.500 prisioneiros a guilhotina em Paris.
A profissão Concierge depois de extinta foi substituída pela profissão do “Carrasco”. A prisioneira mais famosa foi a rainha Maria Antonieta (1774-1793) que ficou 2 meses e 14 dias aguardando seu julgamento. Condenada saiu da Conciergerie em charrete para ser guilhotina no dia 16 de outubro de 1793 (oito meses depois de Luís XVI) na Praça da Revolução, atual Praça da Concórdia.
Catedral de Notre-Dame de Paris.
Catedral Notre-Dame de Paris, obra-prima da arquitetura gótica religiosa francesa foi construída entre 1163 e 1345, sobre a antiga Catedral Saint-Etienne (século IV), que por sua vez havia sido construída sobre um velho Templo pagão dedicado a Júpiter (mitologia romana) no período da ocupação romana de Paris.
Situada em frente ao marco “Zero” (ponto geográfico que marca a distância entre Paris e de todas as cidades da França), a catedral é dedicada a Nossa Senhora Mãe de Jesus, em francês: Notre-Dame.
Danificada durante a Revolução Francesa e muito desgastada pelo tempo, a Catedral foi objeto de uma grande restauração no século XIX, comandada pelo arquiteto Viollet-le-Duc (1814- 1879).
Em 15 de abril de 2019, um grande incêndio destruiu parcialmente a parte superior da Catedral, causando muitos danos, mas graça a intervenção de 400 bombeiros, o interior da igreja e seus tesouros foram salvos, com exceção do telhado, algumas gárgulas e a a flecha principal que ruíram com o fogo.
Atualmente a Igreja se encontra fechada, com data confirmada para sua abertura em 08 de dezembros de 2024.
Cripta arqueológica da Ilha de la Cité.
Situada no subsolo do Parvis da Catedral de Notre-Dame (praça em frente a Catedral) é considerada uma das mais importante da Europa, pois nos oferece uma visão única da evolução urbana e arquitetônica da Ilha de la Cité.
Construída em 1980 com o objetivo de apresentar os vestígios arqueológicos descobertos durante as
escavações realizadas entre 1965 e 1972.
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Foto capa: World Walkerz.
Fontes:
- “Paris Culture“. Paris Gallo-romain.
- “Lutèce, Paris des origines à Clovis”, de Joël Schmidt. (Ed. Perrin, 2009).
- “Et Lutèce devint Paris, métamorphoses d’une citée au IVe siècle”. (Ed. Paris Musées, 2011).
- “Résumé du Paris antique“, de Paul-Marie Duval. (Ed. Paris Hermann, 1972).
- “Parísios“, “Île de Saint-Louis“, e outros temas, no site do Wikipédia França.
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Que espetáculo de aula, nossa quero retornar a Paris, nessa ilha é tudo de bom ,a capela o palácio que não vi, da igreja Notre dame para trás não vi nada, mas agora depois dessas imagens e aula de história fiquei mais que encantada…Parabéns…
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Obrigado Maria Clotildes! Espero que volte e veja a Ilha com um olhar mais espetacular! Abraços!
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Maravilhosa aula sobre a nossa amada Paris!
Vou reler mais vezes!
Abraços,
Maria Angela.