Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes

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Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes. Um sedutor de primeira ordem, que além das suas grandes conquistas políticas, administrativas e militares foi também um inveterado sedutor que se ilustrou com inúmeras mulheres entre quatro paredes.

Deixou uma frase bem conhecida que ficou registrado na história:

Je n’ai qu’une passion, qu’une maîtresse : c’est la France ! Je couche avec elle… je jure que je ne fais rien que pour la France.

Minha única paixão, minha única amante é a França. É com ela que me deito… eu juro que não faço nada que não seja pela França.

Mas a verdadeira história não é bem assim…..

Napoleão (1769-1821) quando menino era muito tímido e introvertido, quando jovem adulto era complexado pela baixa estatura de 1,69 m (na realidade um altura mediana), mas sofria bulling na escola por estudantes militares e tinha dificuldade em se relacionar.

Na sua fase jovem adulto foi aconselhado a se curar em prostíbulos onde acabou sendo um grande frequentador.

Recuperado e com autoestima em dia partiu para compensar suas antigas frustrações com conquistas pelo poder, guerras e romances que antes eram praticamente impossíveis.

Tornou-se num dos maiores galanteadores que a França já conheceu. Se tivesse em competição com outros monarcas ganharia facilmente, pois teve aproximadamente 60 amantes deixando bem para trás antigos recordes de notórios sedutores como: o rei Henrique IV (1589-1610) e suas 33 amantes, Luís XIV (1643-1715) com 16 amantes e Luís XV (1715-1774) e suas 15 amantes.

Primeiro amor: Désirée (1777-1860).

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Retrato de Désirée Clary (1810), de François Gérard  (1770–1837). Museu Marmottan Monet (Paris).

Em 1794, Napoleão conheceu Bernardine Eugénie Désirée Clary ou Désidéria Clary (1777-1860) prometida para seu irmão mais velho José (1768-1844). Tomado por uma grande paixão pela moça propôs ao irmão uma troca, ele ficaria com Désirée e José com a irmã mais velha Julie Clary (1771-1845).

Proposta aceita, José logo casou-se com Julie em 1° de agosto de 1974 e Napoleão ficou noivo de Désirée, em 21 de abril de 1795.

Ainda no mesmo ano de 1795, em julho Napoleão conheceu Josefina de Beauharnais e, outra grande paixão despontou em seu coração. Terminou então seu romance com Désirée, em 6 de setembro de 1795 e casou-se no civil com Josefina, em 9 março de 1796.

O destino de Désirée foi um verdadeiro conto de fadas, pois conheceu o francês Jean-Baptiste Bernadotte (1763-1844), um bilhente soldado do exercito francês, promovido a Sargento e rapidamente General. Casando-se com ele no dia 17 de agosto de 1798.

Em 1810, depois de algumas batalhas ganhas e outras perdidas foi indicado como candidato francês para ser o príncipe herdeiro da Suécia, pois o rei Carlos XIII (1748-1818) procurava um filho adotivo. Com um forte apoio de Napoleão que tinha planos para recuperar a Finlândia, pois a Rússia havia tomado o país, em 1809).

Nas eleições indiretas, surpreendentemente venceu. Durante cinco anos, Désirée agora morando entre Estocolmo (Suécia) e Paris, tornou-se uma boa espiã para os planos de conquistas de Napoleão nessa regiões do norte da Europa e seu marido Bernadotte, filho adotivo do rei.

Após a queda do imperador Napoleão Bonaparte (1815) e já no reinado de Luís XVIII (1814/1815-1824), Désirée foi amante do ministro, Armand-Emmanuel du Plessis de Richelieu (1766-1822).

Em 1818, após a morte do rei Carlos XIII da Suécia, como previsto Jean-Baptiste Bernadotte tornou-se rei da Suécia com o nome de Carlos XIV João e rei da Noruega com o nome, Carlos III João.

Em 21 de Agosto de 1829, (oito anos depois da morte de Napoleão), Désirée ou Désidéria como era chamada na Suécia, foi proclamada rainha destes dois países em 21 de Agosto de 1829.

Em 1844, com a morte de Bernadotte, o seu único filho tornou-se Óscar I (1844-1859), rei da Suécia e Noruega.

Désirée morreu em 1860, aos 83 anos talvez de tristeza e velhice pela perca de seu filho Óscar, em 1859. Deixou cinco netos, sendo que dois se tornaram reis, Carlos XV (1859-1872) e Óscar II (1872-1907).

Primeira esposa: Josefina de Beauharnais (1763-1814).

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Josephine em traje de coroação, de Baron François Gérard (1770 – 1837).

Josefina, infiel a Napoleão (e ele, a ela), impedida de ter filhos, propõe o casamento da sua filha Hortênsia (1783-1837) filha do seu primeiro casamento com Alexandre de Beauharnais (1760-1794), com o jovem irmão de Napoleão, Luís Bonaparte (1778-1846) e que o filho deste casamento pudesse ser adotado por Napoleão, para ser o herdeiro do trono imperial. Mas Luís, depois que nasceu seu prmeiro filho, Napoleão Carlos Bonaparte (1802-1807) desistiu desta proposta obrigando Napoleão procurar outra solução.

Primeira amante embaraçosa: Éléonore Denuelle de la Plaigne (1787-1868).

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Éléonore Denuelle de la Plaigne (1807), de François Gérard  (1770-1837).

Napoleão indignando pelas infidelidades de Josefina e pensando ser estéril teve um caso com a dama de companhia da sua irmã Carolina Murat (1782-1839) chamada Éléonore Denuelle de la Plaigne (1787-1868) que lhe deu seu primeiro filho em 1806, o conde Charles Léon Denuelle (1806-1881). Prova que não tinha problema algum como lhe acusava Josefina.

Conde Charles Léon Denuelle (1806-1881).
1° filho de Napoleão I.

Mas Napoleão ao saber traído por Éléonore que também “ficou” com o seu cunhado, marido de Carolina, o general Joaquim Murat (1767-1815) nunca mais quis vê-la após deixar uma boa pensão ao seu filho ilegítimo. Éléonore casou-se várias vezes e morreu aos 80 anos em 30 de janeiro de 1868.

Segunda amante embaraçosa: Marie Walewska (1786-1817).

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Condessa Maria Walewska (1812), por François Gérard  (1770-1837). 

Foi durante a Campanha da Prússia e Polônia (1806 a 1807) numa festa organizada para ele por sua vitória em expulsando os prussianos da Polônia que Napoleão conheceu Marie Walewska (1786-1817), 21 anos, onde caiu perdidamente amoroso.

Apesar dela ser casada com conde Anastazy Walewski (1736-1815), seu marido (71 anos) a liberou para que fosse amante do Imperador. Uma honra para glória e salvação da Polônia.

Em 4 de maio de 1810, às 4 horas da tarde uma criança bonita e robusta abriu os olhos para um mundo onde experimentaria uma carreira brilhante e tumultuada. Napoleão teve segundo filho chamado Alexandre-Florian-Joseph Colonna Walewski (1810-1868), ou conde Walewska.

Conde Alexandre Walewski (1810-1868), 2° filho natural de Napoleão I com Marie Walewska. 

Foi Senador e Ministro das Relações Exteriores durante o segundo império de Napoleão III (1852-1870), seu primo e também presidente do júri para escolher o projeto ganhador da construção da Ópera de Paris em 1861, no caso Charles Garnier (1825-1898). Foi ele quem colocou a primeira pedra no local marcando o início da construção em 21 de julho de 1862, em Paris.

Marie Walewska morreu em 11 de dezembro de 1817, aos 31 anos, fiel e apaixonada pelo seu amante-imperador.

Separação e divórcio de Josefina.

Depois dessas relações embaraçosas e aborrecedoras para administrar, Napoleão procurando ainda deixar um legítimo sucessor no trono e já separado de Josefina no civil desde dezembro de 1809 conseguiu em janeiro de 1810 autorização da igreja para anulação do casamento religioso.

Josefina sem muito contestar visto que tambem o traia aceitou como compensação uma boa pensão e o Castelo de Malmaison (hoje museu) que ele havia adquirido em 1799, na atual cidade Rueil-Malmaison, próximo a Paris. Morreu de pneumonia, em 29 de maio de 1814, sete anos antes de Napoleão (1821).

Descendentes de Josefina de Beauharnais:

Josefina, graças as seus dois filhos, Eugênio e Hortensia, frutos do seu primieo casamento com Alexandre de Beauharnais (1760-1794) deixou uma série de netos e bisnetos importantes para história universal:

  • Eugênio de Beauharnais (1781-1824) foi o pai de Amélia Augusta Eugênia Napoleona (1812-1873), segunda esposa de Dom Pedro I (1798-1834) tornando-se a Imperatriz Amélia do Brasil. Eugênio após casar com a princesa da Baviera, Augusta-Amélia (1788-1851) deixou além de Dona Amélia, vários outros descendentes que foram reis e soberanos na Noruega, Dinamarca, Bélgica, Luxemburgo, Portugal e Grécia.
  • Hortênsia (aquela que foi casada com Luís, irmão de Napoleão), por ironia do destino foi mãe de Carlos Luís Napoleão (terceiro filho do casal), primeiro Presidente da França (1848-1852) e o segundo Imperador conhecido como Napoleão III (1852-1870).
  • Sua filha adotiva, Estefânia de Beauharnais (1789-1860) foi avó do rei Carol I (1839-1914), Rei da Romênia.

Finalizando essa bagunça, Josefina deixou uma grande descendência de soberanos pela Europa.

Segunda esposa: Maria Luísa de Áustria (1791-1847).

“Marie-Louise, impératrice des Français et le roi de Rome” (1813), de François Gérard (1770-1837).
Coleção do Caselo de Versalhes.

Napoleão Bonaparte, livre de Josefina e amantes casou-se oficialmente em 11 de março de 1810 com Maria Luísa de Áustria (1791-1847), irmã de Maria Leopoldina (1797-1826), esposa de Dom Pedro I do Brasil (1822-1831) ou Pedro IV de Portugal (de março a maio de 1826).

Foi uma esposa discreta, caseira, devota, obediente dedicada e totalmente ao contrária do estilo de vida de Josefina. Conseguiu rapidamente ficar grávida dando à luz no dia 20 de março de 1811 de um herdeiro para França, Napoléon François Charles Joseph Bonaparte (1811-1832), ou simplesmente Napoleão II da França, rei de Roma.

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Napoleão II da França (ca. 1832), de Moritz Michael Daffinger (1790-1849).

Após Napoleão perder a guerra para os Russos em 1812 e obrigado a se exilar em abril de 1814 na ilha de Elba, na Itália, Maria Luíza fugindo das perseguições dos monarquistas que se instalaram no poder com a subida ao trono do rei Luís XVIII (1814/1815-1824), sobrevivente da guilhotina, fugiu com seu filho Napoleão II para corte de Viena, para se encontrar com o seu pai imperador da Áustria, Francisco I (1768-1835).

Chegando muito febril e precisando de descanso foi enviada a se repousar numa estação termal da Aix-les-Bains (Saboia), acompanhado pelo general austríaco Adão Adalberto von Neipperg (1765-1829).

Adão Adalberto von Neipperg (1820). Museu Glauco Lombardi, em Parma (Itália).
Segundo marido de Maria Luísa de Áustria.

O propósito do pai na verdade era afastá-la definitivamente de Napoleão que ainda exilado na ilha de Elba esperava por sua vinda. O general seguindo ordens cumpriu bem sua missão seduziu Maria Luisa até conquistá-la definitivamente.

E ela bem apaixonada do seu novo protetor, com medo de represálias dos franceses e de Napoleão por estar lhe traindo.

Ela continuou vivendo na Áustria, com ao lado de Adão Adalberto e do seu pai, Francisco mesmo sabendo que Napoleão, depois dos dez meses de exílio na ilha de Elba, havia retornado a Paris (20 de março de 1815) retomando o seu trono.

Napoleão sem muito tempo para resolver esse “probleminha” partiu em junho de 1815, guerrear contra a coligação anglo-prussiana, em Warteloo, na Bélgica. Com mais uma derrota foi obrigado a partir para o exílio, na ilha de Santa Helena, onde morreu em 5 de maio de 1821, aos 51 anos, sem nunca mais ter visto sua Maria Luísa e o filho, Napoleão II.

Em 8 de agosto de 1821, quatro meses depois da morte de Napoleão, Maria Luíza se casou finalmente com Adam Albert, conde de Neipperg, e tornou-se duquesa de Parma, (Itália), cidade onde passou a morar com seu novo marido.

Maria Luísa, com a morte de Adam em 1829, viúva pela segunda vez ficou livre para um novo casamento em 17 de fevereiro de 1834, casando-se pela terceira vez, agora com o militar francês Charles-René de Bombelles (1785-1856), capitão de infantaria austríaca que tornou-se com essa união morganático, Ministro da Defesa da Áustria.

Maria Luísa morreu em Parma por infecção nas pleuras (pleurisia) no dia 17 de dezembro de 1847, aos 56 anos.

Descendentes de Maria Luísa de Áustria:

  • Napoleão II (1811-1832), Duque de Reichstadt. Único filho que teve com Napoleão Bonaparte I (1769-1821).
  • Albertina (1817-1867), Condessa de Montenuovo, filha com Adam Albert de Neipperg.
  • Guillaume Albert (1819-1895), Conde e Príncipe de Montenuovo, filho com Adam Albert de Neipperg.
  • E dois outros, Mathilde e Gustavo, falecidos na pequena infância.

As amantes mais conhecidas de Napoleão são:

Zeinab ou Zenab:

Zeinab (ou Zenab) era filha do xeique Khalil-El-Bakri (? -1808). Tinha apenas de 16 anos quando se encontrou com o jovem general francês Napoleão Bonaparte durante sua campanha do Egito (1798 a 1801).

O que sabe sobre eles é que o xeique jogou sua filha nos braços do imperador em troca de alguns favores políticos, militares e financeiros.

Xeique Khalil-El-Bakri (ca.1808).
Museu-Palácio de Malmaison

O xeique Khalil-El-Bakri foi representado na pintura acima por um pintor anônimo que fez parte da expedição de Napoleão ao Egito. A Comissão das Ciências e das Artes era composta por 167 cientistas, técnicos e artistas que foram estudar as descobertas das antiguidades faraônicas.

O retrato de Khalil-El-Bakri fazia parte de um conjunto de seis telas que pertenciam a Josefina, e hoje faz parte das coleções do Museu-Palácio de Malmaison (antiga casa da Imperatriz), na cidade de Rueil-Malmaison, próxima a Paris.

Pauline Fourès (1778-1869): 

Pauline Fourès (nome de solteira, Pauline Bellisle) conhecida pelo apelido de Bellilote embarcou para o Egito em 1798 disfarçada de soldado da cavalaria acompanhando de seu marido Jean-Noël Fourès (1769-?), tenente da cavalaria. Chegando em Alexandria foi logo notada pelos oficiais superiores.

O marido por alguma razão não explicada foi enviado para Itália e Pauline para alegria dos oficiais continuou a viver tranquilamente no Egito.

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Pauline Fourès (1778-1869) ou Bellilote.

Assim que Jean Fourès desembarcou na Itália Bonaparte convidou a linda Pauline para jantar com várias outras mulheres de oficiais. Ele, fazendo as honras da casa pediu gentilmente para que ela sentasse ao seu lado. E foi a partir dessa noite que tornou-se a amante preferida do Imperador durante sua Campanha no Egito.

Jean Fourès ao saber da infidelidade da esposa abandou a Itália e correu de volta para o Cairo para tomar satisfação da sua charmante e atraente esposa. Ela, para escapar das explicações sobre o acontecido, simplesmente pediu o divórcio que foi pronunciado na presença de um comissário de guerra do exército.

Assumiu o nome de Bellilote, um diminuitivo simpático do seu nome de solteira Bellisle continuando a aventura com o imperador.

Quando Napoleão retornou a Paris em 1799 por motivos políticos, Belliote ficou a ver navios ou seja, muito entristecida por ter sido abandonada sem muitas explicações e não ter sido convidada a retornar junto do seu amado general. Assim, para afagar suas mágoas entregou-se de corpo e alma para ser consolada pelo general, Jean-Baptiste Kléber (1753-1800).

No mesmo ano, alguns meses depois conseguiu voltar numa outra embarcação com a intenção de encontrar-se com Napoleão. Mas ao ser recusado por ele arrumou logo uma outra maneira de ficar no topo da nobreza, casando-se com Pierre Henri de Ranchoux, Vice-Cônsul em Santander (Espanha) e depois em 1810, Cônsul na Suécia.

Algum tempo depois, divorciou-se de Pierre Henri e voltou a se casar agora com o capitão da guarda Jean Baptiste Bellard. Embarcou com ele para o Brasil onde juntos fizeram fortuna. Voltou a morar confortavelmente em Paris, em 1839 .

Foi música, pintora e colecionador de arte. Teve uma existência pacífica e feliz até o fim da vida. Morreu em Paris em 18 de março de 1869, com bastante idade para época, aos 91 anos.

Mademoiselle George (1787-1867):

Verdadeiro nome, Marguerite-Josephine Weimer (1787-1867). Atriz dramática francesa ainda não tinha dezesseis anos quando estreou em 1802 na “Comédie Française” em uma peça de Jean Racine (1639-1699) na presença do Primeiro Cônsul Napoleão e de Josefina.

Luciano Bonaparte como o bom conhecedor disse o seguinte sobre ela:

Ela é uma mulher muito bonita. Ela tem apenas dezesseis anos, mas parece ter vinte e cinco. Uma estatura alta, um corpo harmonioso, cabelos castanhos, olhos negros cheios de chamas e lampejos trágicos, um nariz fino e reto, uma boca poderosa. É a Vênus francesa, uma mulher magnífica”. Disse ele como o bom conhecedor.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Mademoiselle George (1787-1867). Autor desconhecido.
Museu-Palácio de Malmaison.

Napoleão após disputar-se com seu irmão Luciano em 1803, onde irritado acabou enviando-o para Itália, teve o caminho livre para também tentar conquistar a jovem doce diva da época, Mademoiselle George.

Por meio de seu criado Constant, ela acabou encontrando o Imperador em 8 de junho de 1803.

Mademoiselle George, em suas Memórias escritas em 1857, relata seus encontros com o Primeiro Cônsul Napoleão e aprendemos com sua história que Napoleão a chamava de Georgina, que ele era gentil e ansioso e às vezes se divertia familiarmente com ela.

No entanto, o boato público e a tagarelice da Mademoiselle sobre a relação causaram a separação. Napoleão lhe pagou 40.000 francos num acordo amigável para que se calasse.

A ultima declaração de Mademoiselle George antes de escrever suas memórias em 1857, foi: “O Primeiro Cônsul me deixou para se tornar Imperador”.

Teve uma longa vida no teatro, mas morreu na pobreza em Paris, sem filhos em 11 de janeiro de 1867, aos 79 anos. Os custos do seu enterro no cemitério Père-Lachaise foram pagos por Napoleão III (1852-1870).

Catherine-Joséphine Duchesnois (1777-1835):

Outra atriz dramática francesa bem conhecida de Paris, começou uma brilhante carreira no “Théâtre-Français”, em 03 de agosto de 1802 com bons comentários da critica. Napoleão veio assisti-la seis dias depois da estreia.

Não era muito bonita como a sua contemporânea e rival Mademoiselle George, mas tinha uma voz poderosa, sedutora e um jogo de cena que atraia multidões.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Catherine-Joséphine Duchesnois (1777-1835). “Archive Book Images”.

Josefina quando soube dos encontros de Napoleão com a Mademoiselle George ficou amiga e apoiadora de Catherine-Joséphine Duchesnois, sem suspeitar que a encontraria rapidamente na cama do seu marido.

Após um breve relacionamento, e também por ter sido uma das preferidas do imperador, tornou-se sócia do Teatro “la Comédie Française”.

Teve vários amantes em seguida, três filhos com três homens diferentes e nunca se casou. Morreu em 8 de fevereiro de 1835, aos 57 anos. Como sua rival Mademoiselle George também foi enterrada no cemitério do Père-Lachaise.

Marie-Antoinette Adèle Papin-Duchâtel (1782-1860):

Esposa de Charles Jacques Nicolas Duchâtel (1751-1844), de um alto funcionário público, trinta anos mais velho, Marie-Antoinette Adèle Duchâtel (1782-1860), dama do Palácio de Josefina tornou-se amante de Napoleão provavelmente em 1804.

Os encontros, favorecidos pelo seu cunhado o general Joachim Murat (1767-1815) que se fez passar por amante da jovem, para afastar as suspeitas da Imperatriz. Os encontros aconteciam em sua casa em Villiers.

O romance terminou no verão de 1805, quando Napoleão partiu para Campanha na Alemanha e na Áustria.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Marie-Antoinette A. P. Duchâtel (1782-1860).

Madame Duchatel parece ter sido sincera e desinteressada com relação ao romance. Napoleão chegou a oferecer seu retrato enriquecido por uma moldura com diamantes. Ela guardou a imagem e devolveu a moldura. Talvez por que seu marido já era muito rico.

Em 29 de junho 1815, esteva presente o castelo de Malmaison, no dia da despedida de Napoleão para ilha de Santa Helena.

A condessa Duchâtel depois da Restauração da Monarquia com Luís XVIII (1814/1815-1824) dedicou-se a educação dos filhos naturais com seu marido e da restauração do castelo de Mirambeau (sudoeste da França), em Saintonge que seu marido havida adquirido em 1813.

Faleceu em 20 de maio de 1860 em Paris, aos 78 anos e está sepultada no túmulo da família em Mirambeau.

Giuseppina Grassini (1873-1850):

Italiana, cantora de ópera de voz de contralto, forte e acentuada facilmente abordava as notas bem agudas. Estreou-se em Parma em 1789 e depois em 1791, La Scala em Milão. Assim que surgiu nos círculos artístico das óperas, todas as outras divas italianas sumiram e os diretores das grandes cidades da Europa, se disputavam a preço de ouro por sua participação.

Napoleão a conheceu ainda como um jovem general durante sua passagem pela sua Primeira Campanha na Itália em 1776. Como falava uma mistura de italiano e corso (sua ilha natal) logo tomou-se de amores belo canto e pela voz da jovem italiana, mas não por ela, pois havia acabado de se casar com Josefina e estava profundamente apaixonado. Ela até que tentou seduzi-lo, mas não deu certo.

Na Segunda Campanha da Itália. em 1800, já sabendo das traições de Josefina com outros homens partiu para sua conquista pessoal. Ela aceitou a relação extraconjugal e encantou seus momentos de liberdade antes e depois da batalha de Marengo, cantando seu repertório e entretendo-o com suas palavras lúdicas.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Giuseppina Grassini dans no papel de “Zaire” (ca. 1804),
de Élisabeth Louise Vigée Le Brun  (1755-1842).

Grassini acompanha discretamente Napoleão na sua volta para Paris e participou como convidada especial em várias festas em sua homenagem pelas vitórias em terras italianas.

Ela cantou no Palácio das Tulherias e no Castelo de Malmaison. Durante esse período ficou instalada em um apartamento secreto na rue Caumartin, onde Napoleão vinha às vezes procurá-la.

Apesar de seu sucesso como diva, Giuseppina ficou entediada com essa relação que não progredia, pois queria ser reconhecida com a favorita do imperador. Nessas condições abandou Paris e seu amante em novembro de 1801 acompanhada pelo virtuoso violinista Pierre Rode (1774-1830) para turnês pela Inglaterra, Holanda e Itália.

Em 1807 recebeu o título de “Primeira Cantora de sua Majestade Imperial”. Entre 1807 e 1814 foi frequentemente convidada para se apresentar em sessões musicais da Corte Imperial e beneficiou-se da generosidade financeira de Napoleão com um salário de 36 mil francos por ano mais 15 mil de bônus.

Mas surpreendentemente entre 1814 e 1815 foi convidada a cantar na Ópera de Londres em comemoração às batalhas ganhas sobre Napoleão. Nesse momento tornou-se amante do pior inimigo do imperador, o marechal inglês, Arthur Colley Wellesley (1769-1852), o duque de Wellington (1769-1852).

Voltou para Milão em 1817, onde continuou a cantar por vários teatros da Itália até 1823, ano que aposentou-se. Morreu em Milão, no dia 3 de janeiro de 1850, aos 76 anos onde está enterrada no cemitério de Saint-Grégoire.

Auguste-Charlotte de Schönberg (1777-1863):

Nascida na alemã na cidade de Dresde, Condessa de Kielmannsegge de nobreza saxônica, amiga da França foi admitida na corte Imperial de Napoleão a partir de 1809 graças a Duquesa de Courland (1793-1863).

Possuindo uma das maiores fortunas da Saxônia, esta jovem, bela e inteligente viúva do Conde August Zu Lynar (1773-1800) casou-se novamente em 1802 com o conde Ferdinand de Kielmannsegge, um capitão alemão, inimigo declarado dos franceses e de Napoleão.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Auguste-Charlotte de Schönberg, Condessa de Kielmannsegge (1777-1863), de Josef Grassi  (1757–1838).

Admiradora de Napoleão, tornou-se agente de inteligência dedicada ao imperador onde teve um importante papel para desvendar tramas contra ele. Ao saber das intenções do seu marido, logo separou-se.

Por ter recebidos oficiais franceses em sua propriedade durante a Batalha de Leipzig em 1813 foi tratada como espiã pelos alemães e relegada aos seus domínios na Alta Lusácia (Alemanha).

Em 1818, as autoridades da Saxônia a proibirão de se comunicar e de se encontrar com membros da família Bonaparte.

Auguste-Charlotte conta sua relação amorosa em suas: “Mémoires de la Comtesse de Kielmannsegge Sur Napoléon 1er”.

Morreu em Dresde (Alemanha) em 26 de outubro de 1863, aos 86 anos.

Albine de Montholon (1779-1848):

Esposa do marquês Charles-Tristan de Montholon (1779-1848), marechal de campo que acompanhou Napoleão no exílio em Santa Helena, em junho de 1815.

De família de pequena nobreza e da boa sociedade de Montpellier era aliada dos Cambacérès e prima de Jean-Jacques-Régis de Cambacérès (1753-1824), Ministro da Justiça do Imperador Napoleão I.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Albine de Montholon (1779-1848), de William-Adolphe Bouguereau  (1825-1905).

Na ilha Albine em 1816 deu a luz ao seu quarto filho, a menina Napoléone Marie Hélène Charlotte. Foi considerada amante de Napoleão, porém discutido por alguns historiadores, mas tudo leva a crer que sim, visto a reação do imperador quando soube que ela teve um caso com Basil Jackson (1795-?), Tenente-coronel da patrulha inglesa (que o vigiava por todos os locais), ordenando as autoridades que enviasse ela e seu marido marquês imediatamente de volta para a França em julho de 1819.

Divorciou-se assim que chegou em Montpellier na França, cidade onde morreu em 25 de março de 1848, aos 69 anos.

Louise Charlotte Rigaud de Vaudreuil (1770-1831):

Filha do Marquês de Vaudreuil , Louis Philippe de Rigaud de Vaudreuil (1724-1802), tenente Geral dos Exércitos navais participou de todas as guerras de Luís XV (1715-1774). Eleito deputado da nobreza em 1789, durante a Revolução, emigrou para a Inglaterra com sua família.

Louise Charlotte casou-se em Londres em 1800, com Conde Antoine Walsh de Serrant (1744-1817), uma das maiores fortunas da França.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Condessa Louise Charlotte Rigaud de Vaudreuil (1770-1831),
de A. G. Decamps (1803/1860).

O casal voltou para Paris em 1802 quando Napoleão Bonaparte ainda era o Primeiro Cônsul da França. Graças a relações de seu marido, Louise Charlotte foi apresentada na corte de Josefina, onde foi convidada para ser dama de companhia.

Em 2 de dezembro de 1804, Louise Charlotte com outras oito damas do Palácio de Josefina fez parte da procissão de entrada na Catedral de Notre-Dame de Paris onde Napoleão foi consagrado e coroado como imperador pelo Papa Pio VII. E Josefina coroada pelo marido, como Imperatriz.

Nomeada Condessa do Império por Napoleão ficou ao serviço de Josefina entre 1804 a 1810, como outras vinte mulheres, sendo uma delas, Marie-Antoinette Adèle Papin-Duchâtel (1782-1860), amante de Napoleão em 1804 (texto sobre ela, mais acima).

Aproveitando-se do seu privilegio junto a corte, historiadores afirmam que Louise Charlotte Rigaud de Vaudreuile como outras dama, também se envolveu amorosamente com o Imperador durante esse período visto que Napoleão ordenou que fosse devolvido ao seu marido Antoine Walsh de Serrant, todas as propriedades e terras retiradas durante a revolução francesa e mais um compensação de 100 mil francos.

A Condessa Walsh de Serrant Marie-Antoinette Adèle Papin-Duchâtel morreu em 23 de outubro de 1831, aos 61 anos, em sua mansão em Angers. Foi enterrada no “Le Château de Serrant” em Saint-Georges-sur-Loire, França.

Carlotta Gazzani (1789-1827):

Filha de uma bailarina, a adorável Madame Carlotta Gazzani (1789-1827) havia deslumbrado a Corte ao chegar de sua Gênova natal foi descrita assim:

“Ela era alta, um pouco magra demais, mais bonita do que graciosa; ela dançava mal, extremidades medíocres, suas mãos estavam sempre enluvadas, mas o rosto perfeito, o próprio tipo de beleza italiana, linhas de pureza absoluta, olhos negros muito grandes e muito brilhantes, concordância completa de todos os traços que uma risada de lado mostrava dentes brilhantes”.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes

Introduzida no círculo imperial por sua beleza, surpreendente despertou a desconfiança de Josefina. No entanto, ela a aceitou na corte como leitora italiana.

Louis Constant Wairy (1778-1845), primeiro camareiro de quarto de Napoleão escreveu em “Mémoires de Constant, premier valet de chambre de l’empereur” que ela teria tido um caso com o Imperador entre 1807 a 1809, confirmado por Gaspard Gourgaud (1783-1852), memorialista de Napoleão na ilha de Santa Helena, durante o exílio.

Fiel de certa forma a Josefina, permaneceu ao seu serviço até o divórcio da Imperatriz com Napoleão. Mais tarde tornou-se Baronesa Brentano-Cimaroli. Morreu em 17 de setembro de 1827.

Jeanne-Émilie Leverd (1788-1843):

Jeanne-Émilie Leverd (1788-1843) foi inicialmente bailarina na Ópera de Paris, e depois onde estreou no Teatro Louvois em 1804 e na Comédie-Française, em 1808.

Napoleão Bonaparte suas esposas e amantes
Jeanne-Émilie Leverd (1788-1843).

Segundo alguns historiadores foi amante do Imperador Napoleão, entre 1804 e 1808. Faleceu em 16 de novembro de 1843 e foi sepultada no cemitério de Montmartre, em Paris.

Conclusão:

O historiador Frédéric Masson (1847-1923), no seu livro “Napoleão e as Mulheres” escrito em 1894, atribuiu a Napoleão Bonaparte 58 conquistas, mas são poucas que foram impactantes sobre esta grande figura da história da França.

Mulheres extremamente decisivas em certos momentos da vida do Imperador seja em decisões políticas e de guerra.

Napoleão sempre foi descrito como pouco educado, gentil e cortês com as mulheres, muitas vezes indelicado e grosseiro na linguagem e nos modos. Demonstrava até um certo desprezo pelas mulheres, principalmente aquelas que se ofereciam com muita facilidade a ele.

Em 11 de fevereiro de 2021 foi lançado o livro: “La Fille de Napoléon”, do escritor Bruno Fuligni.

“La Fille de Napoleon”, de Bruno Fuligni. Editora: Les Arènes (11 de fevereiro de 2021).

Ele nos conta a incrível história de Charlotte Chappuis (ca. 1795-ca. 1879) que afirma ser a filha de legítima de Napoleão com sua mãe, Antoinette Cotain uma prostituta que foi casada com Georges Chappuis, um padre que assumiu ser pai de 24 filhos.

Charlotte Chappuis com Jacob Muller e seus filhos. Coleção particular de Bruno Fuligni.

Essa lista de mulheres de Napoleão certamente é mais longa e são relatadas em vários artigos e livros.

Quer conhecer comigo Paris e outros locais? Clique no botão abaixo para mais informações ou no botão do Whatsapp para um contato mais dinâmico. Até breve! Tom Pavesi!

Imagem da capa: “Retrato de Napoleão Bonaparte (1769-1821) 1º Cônsul” (1803), de François Pascal Simon Gerard (1770-1837). Criação e modificação de Tom Pavesi.

Fontes:

  • “Napoléon ou le goût des femmes”, de Catherine Golliau, na revista “lepoint” (01 de dezembro de 2014).
  • Napaoleon.org (site).
  • Lauragais-Patrimoine (site).
  • “Napoléon et les femmes”, no Wikipédia França.

11 Comentários


  1. Um bom texto e cuidado ao visitar o túmulo de Napoleão.
    Pois você terá de ficar de bruço para poder observar pois fica num plano abaixo e a alma dele pode ser tentada a seduzir o curioso.
    Eu escapei

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  2. Hoje assisti o filme, Napoleão!
    Achei poucos fatos relatados, deixou muito à desejar…
    Para quem leu sobre e conhece a real história do Grande Imperador da França, fica difícil não fazer uma crítica!!!

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  3. Muito bom artigo, Tom, nunca havia visto tanta mulherada nos braços do Napoleão!

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  4. Gostei muito da matéria. Revelou um lado pouco divulgado da personalidade do grande Napoleão Bonaparte. Na próxima viagem a Paris pretendo visitar o seu túmulo nos Invalides. Paris é tão fascinante que, para conhecê-la um pouco, teríamos de ficar vários meses. Abraços.

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  5. Gosto muito dos artigos que você publica.
    Napoleão não era de perder tempo. rsrsrsrsrs

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  6. Nossa. Napoleao não deixava passar nada. Nem as mulheres. Muita disposição.
    Um abraço. Muito.bom artigo.

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  7. Esse baixinho feioso deveria ter algo de especial. Quem sabe se não era a brilhante inteligência? Muito bom! Li muita coisa sobre Napoleão, mas desconhecia esse monte de amantes . Esses franceses são fogo😂😂😂😂😂😂

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  8. Boa noite. Muito obrigada por seus artigos, sempre bem elaborados e repletos de curiosidades. A leitura é uma volta ao tempo …..Muito obrigada!!!!!

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  9. Tom boa tarde
    acabei de ler seu lindo artigo sobre Napoleao e suas mulheres affe que folego nao ??
    Adorei como sempre nesta terça de carnaval foi uma boa companhia
    Obrigada
    abs Neusa Marques

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