Diane de Poitiers e sua beleza secreta

Diane de Poitiers e sua beleza secreta

Tempo de leitura: 8 minutos

Diane de Poitiers e sua beleza secreta. A história de uma mulher que conseguiu fazer da sua vida um modelo para o século XVI.

Creme do dia por Diana de Poitiers:

Para se ter uma pele branca e lisa, faça um mistura com suco de pepino, melão, planta aquática nenúfar, flor-de-lis, feijão. Misture tudo adicionando carne moída de pomba. Colocar manteiga, açúcar em pó, seiva de cânfora e miolos de pão branco. Em seguida adicionar vinho branco. Deixar repousar por algum tempo. Destilar o excesso de líquidos até obter um creme untuoso. Depois do banho frio, espalhe o creme pelo corpo e rosto.

Diane de Poitiers conseguiu fazer da sua vida um modelo para o século XVI. Modelo de virtude, luxo, elegância, refinamentos e de uma historia amorosa tão intrigante com o rei Henrique II (1547-1559), que ainda encontramos traços espalhados desta paixão por toda França atual.

Nascida dezembro de 1499 ou início de janeiro de 1500, quando criança recebeu uma educação de boas maneiras, quando adolescente se destacou como sendo uma das mulheres mais interessante da corte francesa.

Diane de Poitiers casou-se aos 15 anos de idade, com o vice-rei da Normandia, Louis de Brezè (1463-1531), que na época tinha de 56 anos.

Um beijo e o despertar de uma grande amor

Francisco I (1515-1547) já viúvo da rainha Cláudia de França (1499-1524) preso por quase um ano, pelos espanhóis, aceitou um acordo com imperador Romano-Germânico Carlos V (1520-1556) para sua libertação, deveria entregar a região da Borgonha, a Província e terras conquistadas pela França, na Itália. E como garantia de pagamento ao Imperador, deixaria seus dois filhos, Francisco de França (8 anos) e Henrique de Orleães (7 anos e futuro rei Henrique II) como reféns até o cumprimento do acordo.

Em 1526, no dia da entrega das crianças, as principais damas da corte foram convidadas a viajaram até Bayonne para acompanhar e consolar as crianças que até então não entendiam nada do que estava acontecendo.

Francisco I que sempre teve uma preferência pelo mais velho, não deu muita atenção ao segundo filho que se sentiu rejeitado e abandonado por todos. Apenas uma dama da corte, Diane de Poitiers, percebendo seu desamparo e angústia deu-lhe um forte abraço e um beijo bem carinhoso na sua testa, transmitindo força e coragem para enfrentar os dias de cativeiro.

A homenagem de um jovem a sua amada.

O rei Francisco I livre, não cumprindo com o acordo com o imperador espanhol Carlos V deixou seus filhos presos até novas negociações. Os anos foram se passando e Henrique de Orleães não parava de sonhar na prisão com aquela bela dama da corte e seu beijo mágico inesquecível nunca mais apagado de sua memória e do seu coração.

Francisco I acabou pagando em moedas de ouro o resgate dos filhos e em troca de uma frágil paz teve que se casar com Leonor da Áustria (1498-1558), irmã do imperador Carlos V.

Comemorando portanto esta liberação em julho de 1530, organizou-se uma grande festa e um torneio conhecido como “justas”. E como era de costume, os cavaleiros combatiam em homenagem a uma dama da plateia.

O filho mais velho, Francisco de França, agora com 12 anos, querendo agradar o pai escolheu combater em honra da amante do Rei, a duquesa de Etampes, quanto seu irmão, Henrique de Orleães (11 anos), que todos pensavam que iria escolher a nova rainha Leonor, surpreendentemente escolheu a tão sonhada e querida, Diana de Poitiers.

Uma viúva livre para amar novamente

Em 1531, a jovem, Diana de Poitiers, bela, rica, respeitada, honrada de uma fidelidade irrepreensível, exemplo de dignidade e elegância, aclamada em todas as cortes da Europa como uns dos símbolos de beleza do renascimento, com a morte de seu marido, Louis de Brézé viúva ficou livre para ser novamente adulada e cobiçada por vários pretendentes da nobreza.

Mas Diane de Poitiers sabendo do prestígio que sua beleza exercia sobre os homens manipulava até tirar algum privilégio ou um algum benefício financeiro. Ambiciosa, calculadora e bem decidida a não se casar novamente, aos poucos foi construindo um personagem que seduziria a todos, a “mulher fatal” do século 16.

Como uma boa atriz representando, usava o branco e o preto, símbolo da viuvez. Com a morte misteriosa, em 1536 do 1° herdeiro do trono, Francisco de França surgiu a grande oportunidade de conquistar o coração do jovem Henrique de Orleães (17 anos) que todos sabiam tinha uma paixão por ela e que não era mais secreta.

Mas Henrique por ordens do seu pai, o rei Francisco I, já havia se casado três anos antes (1533) com a sobrinha do falecido papa Leão X (1513-1521), Catarina de Médici (1519-1689).

A rival Catarina de Médici

Diane de Poitiers e sua beleza secreta
Catarina de Médici (1519-1589).

Casamento sem afinidades, sem amor, puramente por razões políticas entre a França e a igreja Papal. A doce amarga, italiana Catarina de Médici, nada bela, mas muito inteligente, falava bem o francês, impressionava seus contemporâneos pelos inúmeros conhecimentos na matemática, física, ciências naturais e a astronomia.

Henrique era totalmente indiferente a ela, tinha os olhos, o espírito e o coração absorvido pela sua dama, Diane de Poitiers.

Henrique assume sua relação com Diana

Esse amor que Henrique achava impossível acabou virando realidade. Diane enfim se entregou ao sedutor adolescente, 20 anos mais novo.

Ela procurando esconder a idade, 37 anos, usava de todos os meios para guardar sua graça, beleza, juventude e sensualidade: banhos gelados, exercícios físicos ao ar livre, dieta espartana, nenhuma maquiagem nocivas para pele, somente um creme a base de carne moída de pomba (receita no alto da página) e um segredo a mais: um copo de água misturado com pó de ouro.

Recursos misteriosos para conservar a boa forma e uma beleza escultural.

“Ménage à trois” na corte do rei Henrique II

Em 1544, depois de nove anos de casada, Catarina de Médici consegue ter ser primeiro filho e Diane a primeira pessoa que a felicitou.

Diane de Poitiers e sua beleza secreta
Retrato de Henrique II (1559), de François Clouet (1510-1572).

Em 1547, Francisco I morre e Henrique de Orleães, com 28 anos, sobe ao trono, conhecido como: Henrique II, rei da França.

Diana de Poitiers está com 48 anos. Eles se amam há mais de 10 anos. Apesar do tempo passar Diane continua mais bela do que nunca.

Com Diane de Poitiers ele transformará este amor em algo misterioso, mitológico e sagrado.

Com Catarina de Médici, ele a usa para suas obrigações divinas e soberanas deixando assim um máximo de herdeiros que futuramente darão continuidade a sua política de reformas do Estado, uma França poderosa e temida pelos inimigos.

Diana, um amor representado na mitologia romana

Diane de Poitiers e sua beleza secreta
Monograma H e Ds, de Henrique e Diana. “Cour Carrée” Louvre.

O rei Henrique II também adotou o preto e o branco da viuvez de Diane e o monograma com a letra H e dois D’s entrelaçados, nos vestuários, paredes, em revestimentos do solo, e nas principais fachadas dos palácios reais da França.

Um monograma ainda visto até hoje, em várias partes do Museu Louvre, e em esculturas no em baixos relevos no teto, da sua amada como, Diana a caçadora, da mitologia romana, e seus atributos, como o arco, a lua crescente, cachorros de caça, a gazela.

A vingança da Catarina e o fim de Diana.

Em 1559, Henrique II comemorando o casamento da sua 1° filha, morreu acidentalmente perto da atual Praça de Vosges, em Paris, e Catarina de Médici, (40 anos) enfim poderá se vingar daquela que a humilhou e a fez sofrer durante 23 anos, sua rival, Diane de Poitiers, (60 anos, e uma insolente beleza).

Castelo de Chambord. Foto: Wikipédia Commons.

Diane por ordens de Catarina de Médici foi obrigada a restituir presentes, joias da coroa, e o mais belo presente dado em vida pelo rei Henrique II, o Castelo de Chenonceau, no Vale do Loire.

Recebeu em troca o castelo de Chaumont-sur-Loire, mas que não gostava, e visto que perdeu tudo, preferiu terminar sua vida no Castelo d’Anet, herança do finado marido, Louis de Brezè.

Continuou a beber do “elixir da beleza eterna” até morrer intoxicada pelo pó de ouro que bebia diariamente, aos 66 anos, linda e ternamente jovem.

Uma autópsia realizada em 2008 nos restos mortais foi encontrado nas mechas dos cabelos de Diana, uma taxa de ouro 250 vezes mais que o normal.

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Foto da capa: Detalhe do rosto de “Dame au bain” (ca. 1571), de François Clouet (1510-1572) e do Castelo de Chenonceau, do site Château de Chenonceau.

Fontes:

  • Secrets d’Histoire : Diane de Poitiers, la reine des favorites“. Serie documentário na televisão francesa.
  • “Diane de Poitiers: Reine d’amour et de beauté”, de Michel de Decker. (Ed. Pygmalion, 2004).
  • “Diane de Poitiers”. Wikipédia França.
  • Site: Château de Chenonceau.

1 comentário


  1. E LOGICO QUE GOSTEI……adoro suas materias Tom ….boa sorte sempre
    Neusa marques

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