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A higiene no reinado de Luís XIV em Versalhes. Quando começo a contar histórias sobre os reis da França nas minhas visitas guiadas pelo Louvre e Versalhes, frequentemente me questionam sobre a vida e a higiene destes monarcas visto que mesmo hoje dificilmente encontramos banheiros nestes locais.
O famoso rei Sol, Luis XIV, apesar de ter tido 16 amantes, 6 filhos legítimos, 16 filhos bastardos enobrecidos e mais de 30 filhos não reconhecidos.
Teve ainda inúmeras doenças, sendo as principais; quando criança, escarlatina e sarampo, quando adolescente, blenorragia, (gonorreia) e sarna, quando jovem adulto, febre tifoide, fortes enxaquecas, dores no estomago, quando adulto e idoso; calvície avançada, crise de gota, todos os dentes inferiores estragados e um único dente superior, fístula anorretal.
E apesar da propaganda deixada nas pinturas oficiais, de um monarca soberano, majestoso e de aparência limpa, em questão de higiene corporal foi uns dos reis mais “sujos” da história da França.
Diz a lenda que Luís XIV
Deve ter tomado de 2 a 5 banhos ‘’inteiros’’ durante os seus 77 anos de reinado, (morreu em 1715, de gangrena nas pernas). E ninguém poderia culpá-lo ou condená-lo de sujo, porque a medicina da época acreditava-se que os banhos eram perigosos e portadores de doenças.
Luis XIV tinha vários métodos para mascarar os odores, um deles era espalhar bastante perfume pelo corpo, roupas e luvas- patchouli, almíscar, “fleur d’oranger”… Para o mau hálito; pastilhas de anis.
Tem também o famoso banho seco, ou seja, trocar de roupas várias vezes no dia, pois tinha conhecimento do seu mau cheiro que exalava cotidianamente, dificilmente suportável a todos que o acompanhavam.
O odor era tão forte que ele mesmo abria as janelas para arejar quando entrava em uma sala, e assim desagradar menos sua comitiva.
Até podemos acreditar que a higiene no século XVII, não existia. Mas não é bem o caso, digamos que era por vezes esquecida ou negligenciada.
Mas nem sempre foi assim
Voltando no tempo, os romanos bem preocupados com a saúde e o bem-estar construíram as ‘‘Termas’’, verdadeiras locais para banhos públicos e de higiene pessoal.
Em outras épocas, cidades medievais foram equipadas com latrinas e banheiros públicos, mas gradualmente desapareceram com a chegada de certas crenças e doenças.
O medo da água
Acreditava-se que a sífilis e a perda do apetite sexual poderia ser transmitida pelo banho. A igreja, por causa da nudez, também contribui denunciando o banho como sendo imoral. Com a peste, o banho quente (que dilatava os poros da pele facilitando as doenças virais), virou motivo de medo e de morte.
Por ordem médica, a sujeira acumulada na pele era recomendada a todos, como meio de proteção contra qualquer doença.
A partir deste momento, o uso da água será limitado nas partes livres do corpo, como as mãos e o rosto. Raramente, um banho de corpo inteiro.
A toalete de Luís XIV
Luís XIV lavava as mãos num pequeno filete de água despejada de uma jarra por um cortesão. No rosto e no corpo, muito blush – pigmento branco à base de chumbo, (altamente toxico), sinônimo de beleza e saúde ou uma mistura de talco e farinha para a peruca, (exageradamente alta e explicitamente gordurosa ao meio-dia para refletir magnitude e vigor). Cabelos falsos, misturados com cabelos verdadeiros e crinas de cavalos.
A peruca era um local preferido dos piolhos, e a cama, o paraíso das pulgas reais.
Por outro lado, Luis XIV, apreciava a água, mandou construir no jardim de Versalhes, um grande canal para passear de barco e muitas fontes com jatos de água para sua diversão e prazeres. Agora, um mergulho refrescante, nem pensar, tinha uma verdadeira fobia de água corrente.
Conclusão:
Considerando que a expectativa de vida no século XVII, 6% a 7% da população não passavam dos 60 anos, Luis XIV morreu com 77 anos deixando uma França prospera, rica e militarmente poderosa em relação a outros países da Europa.
Gravou no espirito dos franceses e do mundo todo, com sendo um rei forte, robusto, detentor de um poder extraordinário para governar, uma personalidade inigualável, um rei guerreiro, um rei de paz, arquiteto, um dançarino quase profissional, mestre em jardinagem, um músico aplicado, amador de teatro, de poesia, mecenas das artes…
Enfim um rei brilhante como o Sol e Divino como Deus.
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