O incrível roubo pelos franceses no Rio

O incrível roubo pelos franceses no Rio

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O incrível roubo pelos franceses no Rio de Janeiro em 21 de setembro de 1711 pelo ex-corsário de Saint-Malo (França), René Duguay-Trouin (1673-1736) e sua esquadra de 15 navios e 6.000 homens.

O incrível roubo pelos franceses no Rio
“Retrato de René Duguay-Trouin” (século , de Antoine Graincourt (1748-1823).

Corsário: Comandante de um navio autorizado por uma carta do governo do seu país a saquear e atacar navios de outras nações em períodos de guerras. Eram usados como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo, perturbar suas rotas marítimas e logísticas de comércio. Teoricamente era um Pirata credenciado para roubar.

Quem foi René Duguay-Trouin?

Um dos marinheiros mais famosos da França nasceu em Saint-Malo em 10 de junho de 1673. Primeiramente destinado ao sacerdócio estudando em um seminário em Rennes. Expulso em 1684 por mau comportamento.

Filho de Luc Trouin (1637-1687) e de Marguerite Boscher (1635-1705). Descendentes de uma antiga família de comerciantes armadores de Saint-Malo, que também possuíam o consulado francês em Málaga, na Espanha, por quase duzentos anos. Quando nasceu, a posição de cônsul era ocupada plo seu tio, René-Etienne Trouin irmão mais novo de seu pai. Padrinho em seu batismo, lhe deu seu primeiro nome, René.

Ao perder seu pai em 1687, seu tio René, o recomedou a Etienne Piednoir de La Villeneuve, comandante corsário para embarcar como marinheiro voluntário aos 16 anos no navio, “Trinité“.

Um início perigoso com lutas, abordagens, espadas e muitas mortes… Mas assim mesmo, sem nenhuma experiência, distinguiu-se pela sua bravura e coragem.

Aos 18 anos, recebeu um pequeno comando. Em 1706, tornou-se capitão-general das costas de Saint-Malo. Após inúmeras aventuras com sucesso, recebeu promoções e cartas de nobreza em 1709. Capitão dos navios do rei Luís XIV aos 24 anos, Cavaleiro da Ordem de Saint-Louis aos 34 anos, enobrecido aos 36, Comandante de esquadrão aos 42 anos.

Aos 50 anos, em 1723, fez parte do conselho de administração da Companhia “Perpetuelle des Indes” e foi nomeado Tenente-General dos exércitos navais em 1728. Acabou comandando sucessivamente os portos de Brest em 1731 e Toulon em 1736.

O balanço do número de batalhas e abordagens em que Duguay-Trouin participou ou que liderou entre 1689 a 1711 foi estimado em pouco mais de oitenta, ou seja, uma média de quase sete confrontos por ano.

O alto da carreira de Duguay-Trouin abrange as duas últimas guerras de Luís XIV: a Guerra da Liga de Augsburgo (1689-1697) e a Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1713). Dois longos conflitos europeus, onde o reino da França se encontrou sozinho, (ou quase) em terra e no mar contra todos os seus vizinhos unidos contra ele.

Dois conflitos onde a França teve que contar com um imenso esforço naval contra as duas potências da época: as Províncias Unidas (hoje Holanda) e o Reino da Grã-Bretanha.

Muito desinteressado, quase pobre, doente e muito cansado em consequência dos inúmeros ferimentos de guerra, morreu em Paris em 27 de setembro de 1736. Seu corpo repousa atualmente na Catedral de Saint-Vincent, em Saint-Malo.

Duguay-Trouin saqueando o Rio de Janeiro.

De todas as expedições de Duguay-Trouin, a mais famosa foi à tomada do Rio de Janeiro em 21 de setembro de 1711. O projeto vinha amadurecendo desde 1706 que era interceptar a frota anual de ouro que trazia metais preciosos do Brasil para Lisboa.

Em 1710, o capitão Jean-François Duclerc fez uma tentativa com 5 navios e 1.100 soldados, mas a expedição foi um fracasso, perdeu 400 dos seus homens e foi preso com o restante. Acabou sendo assassinado em 18 de março 1711, em circunstâncias obscuras pelos portugueses.

A operação de 1711 era antes de tudo uma vingança pelo fracasso de Duclerc e tinha como principal objetivo resgatar os 700 homens prisioneiros, tomar o controle da colônia portuguesa no Rio de Janeiro e trazer o máximo das riquezas do Brasil para França.

Diante de uma coalizão europeia no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola, Brasil colônia portuguesa e aliada a Inglaterra, o idoso rei-sol Luís XIV (1638-1715) querendo recuperar o seu prestígio e a autoestima da marinha francesa que vinha sendo humilhada colocou a disposição de Duguay-Troin uma frota de 15 navios e 6.000 homens para a missão saquear o Rio de Janeiro.

Sem dinheiro, Luís XIV teve que contar com ajuda financeira dos armadores de Saint-Malo que emprestaram 700 mil libras para os custos da expedição. Empréstimo aceito na condição que o lucro dos despojos roubados fosse divido com o rei.

A esquadra francesa deixou La Rochelle em 9 de junho de 1711 . Entrou na baía de Guanabara no dia em 12 de setembro. Fechada por uma enseada estreita e fortificações poderosas, parecia inexpugnável. Duguay-Trouin com muita autoridade força a passagem sob o fogo dos canhões portugueses e consegue desembarcar no fundo da baía antes de sitiar a cidade.

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Entrada de Duguay-Trouin baia da Guanabara (RJ – Brasil), em 12 de setembro de 1711.
Mapa publicado nas “Memórias de Duguay-Trouin”, em 1740.

Apoiado pelos bombardeios dos seus navios, em onze dias de combates, todos os fortes que cercava a baía foram tomados um após o outro, dando-lhe uma vitória esmagadora em 21 de setembro de 1711.

Ouro e riquezas tropicais saqueados.

Francisco de Castro Morais (?-1738) governador e capitão geral da capitania do Rio de Janeiro, foi forçado a negociar com Duguay-Trouin para evitar a destruição e o saque completo da cidade.

Foi recuperada uma fortuna considerável em ouro e bens tropicais foram, libertados 500 prisioneiros franceses ainda vivos da primeira expedição de Duclerc, mais 60 navios mercantes, três navios de guerra, duas fragatas e uma imensa quantidade de carga foram tomadas ou queimadas. A cidade do Rio de Janeiro sofreu um dano de mais de 25 milhões de libras.

O sucesso da expedição confortou Luís XIV em um momento crucial da Guerra. Duguay-Trouin trouxe-lhe uma fortuna colossal totalizado 1,35 toneladas de ouro e 1,6 milhão de libras de mercadorias, além de demonstrar que os ingleses ainda não tinham o controle dos mares.

O ex-corsário Duguay-Trouin com tantas aventuras e vitórias foi promovido a Almirante Comandante da Ordem Real e Militar de São Luís, a mais alta distinção para um oficial da marinha.

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“Um navio pego por uma tempestade” (1680), de Willem van de Velde the Younger (1633-1707).

Duguay-Troiun herói do rei Luís XIV.

Todos os navios voltaram para França em 13 de novembro de 1711. Retorno muito difícil porque a frota foi atingida por uma violenta tempestade após cruzar o equador. Ao chegar ao porto de Brest, em 6 de fevereiro de 1712, três deles afundaram, sendo que o “Le Magnanime” que trazia 600 mil libras em ouro e prata desapareceu com toda a carga e tripulação em pleno alto mar.

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Porto de Brest no final do século XVII e início do XVIII. Autor desconhecido.

No entanto, o benefício financeiro da operação permaneceu considerável chegando a Brets mais de 1,3 toneladas de ouro, sem contar os 1.600 mil libras de carga de dois navios que retornaram muito mais tarde após um grande desvio pelo mar do sul.

Segundo Duguay-Trouin: A operação deu um lucro de 92% aos investidores e um benefício político enorme para o rei Luís XIV, a quem a notícia do sucesso da expedição lhe deu uma grande satisfação”.

O impacto da expedição foi considerável na Europa, especialmente entre as nações marítimas em guerra contra a França. Os ingleses em primeiro lugar, sem falar nos portugueses, cuja mais bela cidade colonial havia sido saqueada apesar da aliança inglesa.

Duguay-Trouin foi aclamado como um herói felicitado pessoalmente pelo rei Luís XIV foi convidado a contar com detalhes sua conquista carioca.

René Duguay-Trouin contando suas façanhas a Luís XIV,
em seu retorno da expedição ao Rio.
Obra de Chasselai, data desconhecida, Museu do Rio.

Segundo Duguay-Trouin: “O rei teve o prazer de mostrar-me grande satisfação com a minha conduta e uma grande vontade de obter-me a recompensa por isso; ele teve a gentileza de me conceder uma pensão de duas mil libras (…) enquanto esperava minha promoção a comandante de esquadrão.”

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Fontes:

  • “Mémoires de Duguay-Trouin (1689-1715)”, de René Du Guay-Touin. (Ed. Foucault 1820).
  • “Histoire de Duguay-Trouin”, de Gabriel de La Landelle.
  • “Sac de Rio, pour la France… et pour le butin!”, de Fraçois Thomazeau. (Guerres et Histoire n°3, set. 2011).
  • “René Duguay-Trouin”, Wikepédia versão francesa.

2 Comentários


  1. Que história fascinante!!! E de bonzinho não salvava ninguém. Adorei.Conhecia só o nome desse guerreiro na memória. Nas viagens em geral é muito agradavel encontrar o espolio. Madeira por ex. de facil identificação. Adorei e merci!!! 🙏🙏🙏🙏🙏🙏

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    1. Oi Arlindo! É verdade, agora temos é que proteger nossas florestas e nossas principais fontes minerais como o ferro, bauxita e o manganês. Riquezas que temos em abundância e que incita os ciúmes dos países estrangeiros. Abraços!

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