O massacre da noite de São Bartolomeu

O massacre da noite de São Bartolomeu

Tempo de leitura: 16 minutos

O massacre da noite de São Bartolomeu. Em 1572 milhares de huguenotes (protestantes franceses) deixaram suas regiões da França e vieram para Paris como convidados para assistirem a cerimônia de casamento do seu líder e rei, Henrique III de Navarra, futuro rei da França Henrique IV (1589-1610) com a irmã do jovem rei Carlos IX (1560-1574) a bela princesa, Margarida de Valois futura rainha Margot (1553-1615).

O Casamento de interesses.

Um casamento organizado por Catarina de Médici (1519-1589), mãe do rei e de Margot, altamente político foi a forma encontrada para acabar com uma guerra civil que dividia a França há de mais 10 anos, entre os católicos e huguenotes.

A festa que deveria ser uma grande conciliação entre as duas religiões tornou-se uns dos maiores banhos de sangue da história francesa.

Em 18 de agosto de 1572 foi realizado o contestado casamento num clima de tensão e desconfiança da maioria dos nobres e da população católica parisiense .

O papa Gregório XIII (1572-1585) que só aceitaria casá-los caso Henrique de Navarra se convertesse, visto a recusa, nem apareceu na igreja e ainda condenou o casamento como sendo um sacrilégio perante Deus.

Catarina de Médici teve que se desdobrar e usar toda sua influencia para convencer o arcebispo de Rouen, Carlos I de Bourbon para celebrar a união.

Um bispo que também era pretendente ao trono da França, pois era irmão do falecido, ex-rei da Navarra, o católico Antonio de Bourbon (1523-1590) da dinastia Capeciano-Bourbon e tio do noivo, Henrique de Navarra, o protestante.

A maioria dos protestantes, inclusive Henrique foram impedidos pelo arcebispo de entrarem na Catedral de Notre-Dame de Paris para participarem da cerimônia. Tudo se passou por procuração.

O massacre da noite de São Bartolomeu
Catedral Notre-Dame de Paris antes do incêndio em 15 de abril de 2019. Foto: AG. Photographe.

Margot entrou sozinha e aceitou Henrique de Navarra como seu legítimo marido. Enquanto isso, o noivo ficou aguardando na porta da Catedral o final da missa para e assinar o contrato matrimonial. Contrato assinado, a festa pode começar.

Atentado contra Colligny.

Uma grande parte dos convidados protestantes na euforia das comemorações invadiram as tavernas, beberam até cair, dormiam pelas ruas, gritavam, falavam alto pela cidade deixando a população parisiense enfurecida com tanta barulho e falta de modos.

Quatro dias depois, quando todos ainda se encontravam na capital ocorreu um atentado perto do Louvre contra o o brilhante almirante, líder dos protestantes, Gaspard de Colligny (1519-1572) importante personagem na formulação do tratado de paz entre as duas religiões, com a rainha-mãe, Catarina de Médici e o rei Carlos IX.

Colligny ferido por uma da arcabuz (espécie de espingarda) foi acompanhado por amigos protestantes para sua residência na rua Béthizy (atual rua de Rivoli) para aguardar a chegado de um médico.

Para surpresa geral quem apareceu foi Ambroise Paré (1509 ou 1510-1590) considerado o pai da medicina moderna) que conseguiu tratar os ferimentos no braço e na mão e o rei Carlos IX que tinha uma estima muito grande por Coliigny prometendo prender e julgar o culpado.

Alguns suspeitos do atentado:

– Charles de Louviers, seigneur de Maurevert (ca. 1505-1583): Um candidato bem provável, pois foi visto por alguns protestantes nas proximidades do local do atentado. Conhecido por ter assassinado em 1569, por razões religiosas, um amigo de Colligny de nome Mouy. Pode ter sido um ato particular, como também pode ter sido contratado por Catarina de Médici ou algum membro da família Guise, nobres católicos radicais.

– Os Guise: A família mais poderosa de católicos extremistas e que já algum tempo travavam guerras contras os protestantes podem terem contratado um assassino como vingança da morte de François de Guise (1519-1563) morto em 1563 pelo protestante Jean de Poltrot de Méré (1537-1563), que segundo eles, um assassino contratado de Colligny.  É bem provável que tenham organizado o atentado, pois o tiro da arcabuz foi disparado da janela da casa do cardeal de Lorraine, Charles de Guise (1524-1574).

– Catarina de Médici: Outra forte candidata na contratação do atentado, pois apesar que desde 1570 procurava a paz entre as religiões, tinha um grande ciúme da influência de Colligny sobre o seu filho Carlos IX e principalmente contra a ideia da França entrar em guerra contra a Espanha, na Holanda, que Colligny insistia ao rei tomar e precisava urgentemente liberá-lo dessa dominação.

– Carlos IX (22 anos) tinha uma grande admiração por Colligny. Respeitava e escutava os seus conselhos, ao ponto de chamá-lo de “meu pai”. Visto sua visita na casa de Colligny e sua promessa de deter o responsável é quase improvável que tenha ordenado o atentado.

Resposta de Catarina de Médici aos protestantes.

Apesar das recomendações de Colligny, os protestantes se reuniram e decidiram por vingança e justiça contra o autor (ou autores) do atentado.

Mas como, pois quando entraram em Paris tiveram que deixar suas armas com os guardas do rei?

Em 23 de agosto de 1572, numa reunião em fim de tarde no palácio do Louvre, Catarina de Médici juntamente com seu filho Carlos IX, os Guise e os principais membros do conselho decidiram reagir rapidamente, antes que houvesse uma insurreição por parte dos protestantes.

Ficou decidido que os Guise comandariam o ataque e que todos os guardas, soldados e milicianos católicos usariam uma sobrecapa com uma cruz e um lenço (écharpe) branco no pescoço para se distinguirem dos protestantes, que se vestiam geralmente com um sobretudo preto (ou todo branco), camisa branca e alguns com uma grande gola sanfonada branca.

Os sinos tocaram e o massacre começou.

Em 24 de agosto de 1572, o sinal para começar a matança de todos os protestantes convidados de Henrique de Navarra e outros que estavam em Paris foi quando as badaladas dos sinos da Igreja de São Germano de Auxerre (“Église Saint-Germain-l’Auxerrois“) anunciou às 4h da manhã o dia do Santo Bartolomeu (“Saint Barthélémy”).

O massacre da noite de São Bartolomeu
Igreja de São Germano de Auxerre em Paris. Foto: Mbzt.

Paris na época era cercada por uma grande muralha e um pouco antes que os sinos dessem suas badaladas todas as portas de entradas e saídas da cidade foram fechadas, guardas posicionados armados nas torres de vigilância do rio Sena e em pontos estratégicos de Paris. Armadilha preparada.

Sendo assim, os protestantes logo se encontraram presos na cidade, sem possibilidade de fuga. Somente Deus para salvá-los ou algum cristão piedoso.

O massacre da noite de São Bartolomeu.

O comandante da ação de extermínio nos corredores do Louvre e pelas ruas de Paris ficou a cargo de Henrique I de Guise, talvez o maior responsável pelas mortes atrozes e violentas durante o massacre.

O massacre da noite de São Bartolomeu

Primeiramente foram à casa de Gaspard de Colligny na rua Béthizy acabar de uma vez por todas com a vida do chefe e comandante da liga dos protestantes que se encontrava ferido na cama.

Depois de levar várias espadadas foi jogado pela janela. Seu corpo foi desmembrado, a cabeça levada para Catarina de Médici (lá vem ela de novo), alguns membros jogado no rio Sena e outras partes levado para ser exposta pelos pés no “Gibet de Montfaucon”, espécie de calvário público para condenados a morte. Demolido em 1760.

O massacre da noite de São Bartolomeu

Todos os principais chefes protestantes convidados especiais (os VIPS) de Henrique de Navarra que estavam alojados no Louvre foram facilmente perseguidos e mortos pelos guardas do castelo. E os corpos jogados no rio Sena.

Foram somente poupados e aprisionados o recém-casado Henrique de Navarra e seu primo Henrique I Bourbon-Condé (1552-1588) por serem príncipes de sangue real.

Os parisienses católicos acordados no meio da noite com a gritaria e o barulho pelas ruas pensando em se tratar de uma revolta protestante entraram na briga para defender a cidade perseguindo e matando também todos aqueles que procuravam um esconderijo ou uma saída.

Nem mulheres, idosos, jovens e crianças escaparam da fúria da população e dos soldados católicos do rei que entravam casa em casa, bairro a bairro em busca de protestantes.

Em 24 de agosto de 1572, dia de São Bartolomeu, aproximadamente 2.000 a 3.000 protestantes foram mutilados, assassinados, e exterminados pelas ruas de Paris.

Uma capital com cheiro de morte.

Preocupado com sua imagem e sua vida, o rei Carlos IX forçado pela mãe, Catarina de Médici assumiu a responsabilidade do massacre que ele resumiu numa só frase:

 Eh bien soit! Qu’on les tue ! Mais qu’on les tue tous ! Qu’il n’en reste plus un pour me le reprocher

Que assim seja! Que nós os matemos, mas matemo-os todos! Que não reste um único, para me culpar.

O rio Sena ficou tão vermelho de sangue pelos cadáveres boiando que era possível travessar o rio a pé (dizem os historiadores mais exaltados).

O massacre da noite de São Bartolomeu depois de terminado em Paris continuou por vários outras cidades da França e por vários dias.

Em toda a França morreram entre 20.000 a 30.000 protestantes. Dificilmente calculável.

“Te Deum”.

No dia seguinte ao massacre, o papa Gregório XIII empolgado com a derrota dos protestantes ordenou que fosse cantado em todas as igrejas da Europa o “Te Deum”, hino de Louvor a Deus, por ter ajudado aos valentes e valiosos católicos na vitória contra esses heréticos inimigos da igreja. E que graças a Deus, a humanidade estava sã e salva.

Pouquíssimos sobreviventes:

Graças à ajuda de católicos de bom coração, raros são os que escaparam. Dois deles ficaram bastante famosos na história do massacre.

Philippe Duplessis-Mornay (1549-1623), teólogo, filósofo e escritor, grande amigo de Colligny, depois de escapar de Paris passou um tempo na Inglaterra, voltou para França se tornando mais tarde o principal conselheiro e articulador da política de paz entre as religiões no reinado de Henrique IV. Foi um dos autores do Édito de Nantes (1598) que estabeleceu a paz e liberdade do culto protestante e o fim das guerras religiosas em toda a França.

François Dubois (1529-1584), pintor francês protestante residente em Paris, autor do quadro mais conhecido sobre o massacre intitulado: Le massacre de la Saint-Barthélemy “(1572-1584). Foi o único sobrevivente da família que conseguiu fugir indo morar em Genebra na Suíça, até o fim da sua vida.

O massacre da noite de São Bartolomeu
Le massacre de la Saint-Barthélemy (1572-1584), de François Dubois (1529-1584).
Museu cantonal de Belas Artes de Lausanne (Suíça).

No quadro, podemos ver impressionantes detalhes de como foi realmente esse terrível dia:

Fim da dinastia Capetiana-Valois.

Henrique de Navarra, poupado no início da matança pela sogra Catarina de Médeci, depois de ficar preso por 4 anos no Palácio do Louvre e no Palácio de Vincennes conseguiu fugir ou teve a fuga facilitada?

De volta a Navarra, Henrique organizou seu exército de protestantes loucos por vinganças que se encontravam espalhados por várias regiões da França escondidos e perseguidos. Como comandante e rei da Navarra pode dar continuidade em novas guerras retomando aos poucos as cidades que haviam sido conquistadas pelos católicos durante sua prisão.

Em 30 de maio 1574, o rei Carlos IX morreu de forma estranha. Alguns autores dizem que foi de tuberculose, com uma febre tão alta que suava sangue. Outros dizem que foi envenenado pela própria mãe, Catarina de Médici que espalhou a droga num livro para ser dado ao preso e genro, Henrique de Navarra, mas por azar dela esse livro foi parar nas mãos do seu filho Carlos IX que assim que folheou as páginas do livro molhando com as pontas dos dedos morreu sangrando veneno pelos olhos (afff…!).

O terceiro filho de Catarina de Médici, Henrique de Valois (1574-1589) que naquele momento era rei da Polônia, ao saber da morte do seu irmão fugiu secretamente para Áustria, Itália e finalmente a França. Em 13 de fevereiro de 1575 foi coroado rei da França como Henrique III. Casou dois dias depois com Luísa de Lorena (1553-1601).

O quarto filho homem de Catarina de Médici, o duque de Alençon e de Anjou Hércules Francisco de Valois (1555-1584) morreu de tuberculose, em 1584, aos 29 anos sem descentes, que deixou sua mãe muito preocupada, pois Henrique III apesar de gostar de homens tentou por vários anos ter um filho com Luísa de Lorena, mas não aconteceu. Mais tarde descobriram que a rainha era estérea.

E o pior aconteceu em 02 de agosto de 1589, quase 8 meses depois da morte de Catarina de Médici aos 69 anos de derrame pulmonar, Henrique III acabou sendo assassinado pelo monge beneditino, Jacques Clement (1567-1589) sobre ordens dos chefes da liga dos católicos ultrarradicais liderado por Carlos de Guise, irmão de Henrique I de Guise (lembra? aquele que liderou o massacre no dia de São Bartolomeu assassinado em dezembro de 1588 no Castelo de Blois, por ordens de Henrique III). Morreu sem deixar um sucessor.

Vingança dos Guise ou morte do rei com fins político?

No seu leito de morte, Henrique III ainda teve tempo de nomear seu primo Henrique de Navarra com seu legítimo sucessor contrariando a vontade da igreja católica que pretendia colocar no trono seu velho tio, o bispo Carlos I de Bourbon (lembra? Aquele que celebrou o casamento do casal, Henrique de Navarra com a Margot). Mas renunciou porque legalmente Henrique era o 1° na lista da sucessão.

E o mundo dá voltas.

Desde o inicio do massacre, se houve um plano de Catarina de Médici em acabar com a vida do seu genro, Henrique de Navarra caiu por terra, ou melhor, fracassou totalmente, pois nessa reviravolta de assassinatos e de reis sem filhos sucessores o trono caiu nas mãos no personagem protestante mais conhecido, odiado e amado e da história da França, Henrique de Navarra ou simplesmente, Henrique IV, rei da França.

“Paris Vale bem uma missa”.

Um rei protestante, odiado por uma grande parte da população da França, abandonado pela igreja, pelos soldados católicos, precisou se converter ao catolicismo para poder reinar em paz e conquistar o coração dos parisienses e mais tarde, de toda a França.

Início de uma nova dinastia Capetiana-Bourbon.

Henrique IV, rei desde 1589 somente foi coroado em 7 de fevereiro de 1594 na Catedral de Chartres e não na Catedral de Reims como era de costume, que estava ainda nas mãos dos católicos ultrarradicais.

Após o coroação, nenhum historiador comprovou até hoje quem realmente disse a famosa frase: “Paris, vale bem uma missa“. Mas com certeza a partir do momento que se espalhou por todas as cortes da Europa, essa frase de puro marketing politico comercial ajudou-o a ganhar a confiança dos católicos céticos sobre sua conversão, a confiança do povo e principalmente a estima do novo papa, Clemente VIII (1592-1605) que o apoiou-o pelo fim das guerras religiosas e o fim da guerra entra a França e Espanha.

Um reinado muito bem auxiliado pelo ministro das finanças, o protestante duque de Sully, Maximilien de Béthune (1560-1641) que conseguiu tirou o país do caos e da falência econômica por causa das guerras religiosas, equilibrando as contas do estado, as exportações e a livre circulação de mercadorias pelo país. Em sua homenagem de tão importante que uma das três alas do Museu do Louvre leva o seu nome, ala Sully.

O massacre da noite de São Bartolomeu
 Maximilien de Béthune (1559-1641), duque de Sully. Autor desconhecido.

Reis descentes de Henrique IV e Maria de Médici:

  • Luís XIII (1610-1642).
  • Luís XIV (1642-1715).
  • Luís XV (1715-1774).
  • Luís XVI (1674-1792, guilhotina em 1793).
  • Luís XVII (1793-1795, rei por direito, mas não aceito).
  • Luís XVIII (1814/1815-1824)
  • Carlos X (1824-1830)
  • e o último, Luís Filipe I (1830-1848).

Ironias do destino e um triste fim.

Henrique IV conseguiu com o papa Clemente VIII a anulação do seu fracassado casamento com a rainha Margot e por duas ironias do destino:

Ironia n° 1: Casou-se com uma prima distante da ex-sogra Catarina de Médici por interesses financeiros (por muita grana mesmo) chamada Maria de Médici (1575-1642). Assim mesmo depois de escapar a várias tentativas de assassinato acabou sendo morto esfaqueado, em 14 de maio 1610, aos 56 anos, na atual “rue de la Ferronnerie” (Paris), por François Ravaillac (1577-1610) fanático católico, psicologicamente perturbado da cabeça que ao assumir o crime declarou ter obedecido uma voz para a salvação do mundo cristão.

Ironia n°2:  Os católicos que o odiavam, após sua morte choraram por vários dias.

Galeria dos principais personagens da história do massacre:

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Fontes:

  • Les guerres de Religion (1559-1629)“, de LE ROUX Nicolas (Ed. Paris, Belin, coll. “Histoire de France”, 2009)
  •  “La Saint-Barthélemy : les mystères d’un crime d’État (24 août 1572)”, de JOUANNA Arlette (Ed. Gallimard, colzção “Les journées qui ont fait la France”, 2007.
  • “Massacre de la Saint-Barthélemy”, no site Wikepédia versão francesa.

3 Comentários


  1. Muito bom.
    Depois de ler artigo na Revista Espírita de Allan Kardec, completou o raciocínio.

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  2. Gostei bastante da narrativa , apesar de ser sangrenta . Admiro muito essas historias e fiquei aqui pensando …… andando pelas ruas de Paris, nem se imagina que ja foi palco de tantos conflitos. Mais uma vez, Parabens Tom Pavesi.

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  3. TOM BOA TARDE
    ADOREI ESSES RELATOS SANGRENTOS MAS VERDADEIROS .
    EU ME VI NO CURSO CLASSICO COM O MESTRE EM HISTORIA GERAL EXPLICANDO TUDO ISSO PARA AS MENINAS DE 16 ANOS .
    ADMIRO A CAPACIDADE QUE VOCE TEM DE ENXUGAR TEXTOS HISTORICOS.
    MUITA PESQUIZA E DEDICAÇÃO
    OBRIGADA SEMPRE .
    ABS NEUSA MARQUES

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