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Place des Vosges em Paris: A história da 1° Praça Real da capital teve início com o 1° rei Bourbon no trono da França, Henrique IV (1589-1610) que ao se converter para ao catolicismo precisava aos olhos da população, legitimar sua autoridade, seu poder real, suas decisões administrativas e principalmente aumentar a renda da coroa.
No local da atual Praça des Vosges em Paris existia desde 1338, um Palacete Real chamado “Hôtel des Tournelles“, dois séculos mais tarde, devido a um trágico acidente em 1559 com o rei Henrique II (1515-1559) nos jardins deste palacete, sua esposa Catarina de Médici (1519-1589) ordenou que tudo fosse destruído com o intuito de tentar apagar da memória esse trágico acontecimento.
Algum tempo depois, seu desafeto e genro, o rei Henrique IV (1589-1610) ordenou que essa área fosse construída uma Praça Real (Place Royale) e que os terrenos no seu entorno fosse loteado para importantes nobres e afortunados da França.
Resumindo, Henrique IV, aconselhado pelo seu brilhante ministro das finanças, duque de Sully (1559-1641) fez uma bela jogada imobiliária para aumentar a renda do Estado que estava em estado crítico depois das guerras religiosas. (Leia mais no outro artigo: “O massacre da noite de São Bartolomeu”).
A praça teve sua obra começada em 1605 e terminada em 1612, sem a presença do rei, pois havia sido assassinado em 14 de maio de 1610, por François Ravaillac (1578-1610).
Inauguração da Place Royale (futura Praça des Vosges):
A Praça Real foi inaugurada em 1612 com uma grande festa (festa do Carrossel), em comemoração ao duplo noivado dos filhos de Henrique IV e da rainha-regente Maria de Médici (1575-1643); Luís XIII (10 anos) com Ana da Áustria (10 anos), futura rainha da França, e sua irmã Elizabeth de França (9 anos) com o príncipe Felipe de Espanha, (7 anos), futuro rei da Espanha Felipe IV.
Projetada provavelmente pelos mesmos arquitetos que construíram a Grande Galeria do Louvre, Louis Métezeau (1560-1615) e Jacques II Androuet Du Cerceau (1550-1614), de planta retangular (140 m x 126 m) cercada por 36 pavilhões, sendo 34 simétricos e dois outros mais altos, Pavilhão do Rei e no lado oposto, Pavilhão da Rainha. Nomeados assim como publicidade para praça, mas nunca foram habitados por membros da família real.
Edifícios compostos com uma mesma identidade arquitetônica, sendo o andar térreo sobre arcadas, reservado ao comércio, no 1° e 2° andar, um pé direito alto com grandes janelas com a mesma largura e mesma altura; um 3° e 4° andar, junto a inclinação do telhado (mansardas), com aberturas por claraboias ou lucarnas.
Devido a dificuldades financeiras que a França se encontrava no início do século XVII, os edifícios foram todos construídos com materiais simples e baratos, com tijolinhos avermelhados a vista, pedras calcárias brancas, e telhados em pedras de ardósia, se tornando referência arquitetônica francesa, nos séculos posteriores, por sua beleza, harmonia e uniformidade.
1° estátua equestre de Luís XIII (1825), de Pierre II Biard.
Em 1639, o 1° ministro e cardeal Richelieu (1585-1642), proprietário de um imóvel no n° 21 da praça (que também nunca morou) procurando uma solução para acabar com os frequentes duelos de mortes que ocorriam no local, (exemplo; em 1627, famoso duelo do conde François de Montmorency-Bouteville), resolveu valorizar a praça, seu patrimônio, e ao mesmo tempo homenagear o rei, encomendando ao escultor Pierre II Biard (1592-1661) uma estátua equestre para decorar o centro da praça.
Um obra criticada, pois o cavalo do escultor Daniele da Volterra (1509-1566) que havia sido fundido anteriormente para o rei Henrique II (1547-1559) ficou desproporcionalmente menor na estátua que Pierre II Biard fez com Luís XIII montado.
Na placa do pedestal havia a seguinte inscrição colocado por ordens do cardeal Richelieu:
Pour la glorieuse et immortelle mémoire du très-grand et très-invincible Louis-Le-Juste, treizième du nom, roi de France et de Navarre. Armand, cardinal et duc de Richelieu, son premier ministre dans tous ses illustres et généreux desseins, comblé d’honneurs et de bienfaits par un si bon maître, lui a fait élever cette statue pour une marque éternelle de son zèle, de sa fidélité et de sa reconnaissance.Tradução Livre:
Para a memória gloriosa e imortal do maior e mais invencível Luís-O-Justo, décimo terceiro do nome, rei da França e Navarra. Armando, cardeal e duque de Richelieu, seu primeiro ministro em todos os seus desenhos ilustres e generosos, regado com honras e bênçãos por um mestre tão bom, fez com que ele levantasse esta estátua para uma marca eterna de seu zelo, de sua fidelidade e de sua gratidão.
Em 1792 o monumento foi destruído durante a Revolução Francesa e o bronze fundido para fabricação de canhões. A partir desse momento a praça passou a ter vários outros nomes como: Place des Fédérés (dos Federados), depois Place de l’Indivisibilité (Indivisibilidade), Place du Parc d’Artilherie (Parque da Artilharia), Place de la Fabrication des Armes e Place de la République.
Praça des Vosges em Paris
Até que em 1800, Napoleão Bonaparte I (1804-1814/1815) decidiu renomear a praça com o nome da 1° região que quitasse um antigo imposto relativo a Revolução Francesa. No caso o departamento des Vosges (dos Vosgos) foi que recebeu segundo ele a merecida homenagem histórica.
Durante a monarquia do rei Luís XVIII (1814/1815-1824), Carlos X (1824-1830) e no 2° império de Napoleão III (1852-1870) voltou a ser chamada Place Royale. A partir de 1871, com o 2° presidente da França, Adolphe Thiers (1871-1874) se chama Praça dos Vosgos (ou Place des Vosges).
2° estátua equestre de Luís XIII (1825), de C. Dupaty e J. P. Cortot.
Em 1821 foi encomendado ao escultor Charles Dupaty (1771-1825) um modelo em mármore de uma nova estátua equestre de Luís XIII, para ser executado pelo escultor Jean-Pierre Cortot (1787-1843) e ser colocada no mesmo lugar da destruída estátua em 1792, de Pierre II Biard.
Luís XIII, representado vestido como imperador romano usando uma couraça por baixo do casaco, uma espada no lado esquerdo e uma coroa de louros. Com a mão direita, ele segura as rédeas, enquanto abre o braço direito num gesto de majestade, virando-se para a esquerda. Ele cavalga sem estribos.
O cavalo levanta a perna da esquerda, da frente, com a cabeça virada e abaixada para direita, e se encontra apoiado no ventre, por uma escultura em forma de tronco de árvore, colocada posteriormente para suportar o peso do mármore, que estava se partindo.
No pedestal da estátua, se encontra a seguinte inscrição:
La statue équestre de Louis XIII est un marbre réalisée en 1821 par Jean-Pierre Cortot sur un modèle deCharles Dupaty. Elle est installée au centre du Square Louis XIII (Place des Vosges) depuis 1825, en remplacement d’une précédente statue commandée par Armand Jean du Plessis de Richelieu, inaugurée en 1639 et détruite pendant la Révolution.
Tradução Livre:
A estátua equestre de Louis XIII é um mármore feito em 1821 por Jean-Pierre Cortot em um modelo de Charles Dupaty. Ele está localizado no centro da Praça Luís XIII (Place des Vosges) desde 1825, substituindo uma estátua anterior encomendada por Armand Jean du Plessis Richelieu, inaugurada em 1639 e destruída durante a Revolução.
Foi inaugurada em 1825, juntamente com as quatro fontes de pedras e suas 16 cabeças de leão decorativas nos quatro ângulos da praça, realizadas também pelo escultor da estátua Jean-Pierre Cortot e o arquiteto, Jean-François Mesnager (1783-1864).
A praça que se encontra no interior da Praça des Vosges, chama-se “Square Louis XIII”, (ou Praça Luís XIII), tem 12.706 m² e é composta por 186 árvores (tilias) enfileiradas por colunas, jardins gramados e área de playground para crianças.
Recomendo a visita a Casa (Maison) Vitor Hugo, (no n°6 na praça), o restaurante três estrelas no guia Michelin, o incrível l’Ambroisie (n° 9 da praça) e um café tranquilo, taca de vinho, Café Hugo, no (n° 22 da praça).
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Foto capa: Basile Dell e Jeremie Lippmann.
Fontes:
- “De la place Royale à la place des Vosges”, Alexandre Gady (Ed. Paris et son patrimoine, 1996).
- “Histoire de l’urbanisme à Paris“, de Pierre Lavendan. Coleção: “Nouvelle histoire de Paris”. (Ed. Hachette, 1975)
- “Paris 1900 Art Nouveau.”
- “Place des Vosges”. Wikipédia França.